domingo, 9 de julho de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “O Espírito vos recordará tudo!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Colaboradores do Espírito Santo
 
O Tempo Pascal oferece-nos a leitura dos Atos dos Apóstolos e do Apocalipse. Depois de celebrada a Páscoa de Jesus, vivemos o caminho da Igreja. Ela continua, com fragilidades e forças, a missão do Ressuscitado, sustentada pelo Espírito. No Espírito fazemos o caminho, resolvemos as questões e orientamos com certeza. Por Ele podemos contemplar o futuro que nos espera, na Jerusalém da Glória. Vivemos o tempo do Espírito no tempo dos homens. Lendo os Apóstolos, nos encantamos com sua simplicidade ao dizerem: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15,28). A questão era de grandes conseqüências: Os pagãos convertidos devem ou não seguir as tradições judaicas? Não, respondem. Nas decisões para a vida do mundo, somos colaboradores do Espírito. O Espírito está presente na Igreja e nos corações. “Não vos deixarei órfãos... o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,18.26). Como somos colaboradores de Jesus em sua missão de anunciar o evangelho, somos colaboradores do Espírito no caminho da Igreja. Por isso podemos propor o caminho e também recolher, da ciência dos povos, as sabedorias de Deus. Discernimos pelo Espírito. “O Espírito vos ensinará e recordará”(26). Recordar não é só reavivar a memória, mas, no sentido bíblico, é tornar presente o acontecimento. O acontecimento não se refaz, mas somos nós que entramos no Mistério celebrado. Jesus disse: “Minhas palavras são Espírito e Vida” (Jo 6,63). As palavras anunciadas agora tem a mesma força das palavras anunciadas por Jesus porque são recordadas no Espírito. 
Morada de Deus 
Jesus não só fez morada entre nós, mas pela fé e o amor, Deus faz morada em nós: “Se alguém me ama, guardará minha Palavra, e meu Pai o amará e a ele viremos e nele faremos morada” (Jo 14,23). Amar é praticar a Palavra. A transformação da sociedade não se faz por projetos maravilhosos, mas pela mudança do coração. Se formos células sadias, todo o corpo será sadio. A Jerusalém celeste, vista por João, não tem templo, pois o Senhor é o seu templo. É iluminada pela lâmpada do Cordeiro. Esta cidade futura está no coração de cada um. Nele está o Senhor que dá o Espírito. Por isso ouvimos as palavras de Jesus: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27). Não temer, pois Ele permanece em nós. 
Correspondamos aos mistérios celebrados 
Guardar a Palavra é corresponder aos mistérios e se tornar casa de Deus, onde os outros possam encontrá-lo. Por isso pedimos: “Fazei frutificar em nós o sacramento pascal, e infundi em nossos corações a força desse alimento salutar” (Pós-Comunhão). Estar aberto ao Espírito é respeitar as diferenças entre os irmãos. A Igreja não pode impor modelos, mas despertar corações para seguir Jesus. O fruto que colhemos da Páscoa é abrir espaço para que a ação do Espírito em nós possa levar-nos a evangelizar de um modo sempre renovado. Como disposição para a celebração de Pentecostes, abramos o coração a sua presença para que sejamos uma viva memória de tudo o que Jesus foi e ensinou. Cada celebração Eucarística é um momento do Espírito para a glória do Pai. A Igreja necessitam abrir-se ao Espírito para que Ele dê mais ousadia na pregação do Evangelho. 
Leituras: At 15,1-2.22-29 — Sl 66 — 
Ap 21,10-14.22-23 — Jo 14,23-29 
1. No tempo pascal lemos os Atos dos Apóstolos e a o Apocalipse. É o tempo da Igreja. Ela continua a missão do Ressuscitado, sustentada pelo Espírito. No Espírito fazemos o caminho, resolvemos as questões e orientamos com certeza. Por Ele podemos contemplar o futuro que nos espera, na Jerusalém da Glória. Ele estabelece a morada de Deus em nós e desperta em nós a memória de Jesus. Assim os apóstolos tomam decisões sobre a conduta para com os pagãos. Somos colaboradores do Espírito. Ele nos recorda a Palavra de Jesus e nos reaviva a memória para torná-lo presente. 
2. Jesus faz morada em nós porque guardamos sua Palavra. Amar é praticar a Palavra. A transformação se faz pela mudança dos corações. A cidade futura está no coração de cada um. Nele está o Senhor que dá Seu Espírito. 
3. Guardar a Palavra é corresponder aos mistérios e se tornar casa de Deus onde todos podem encontrá-lo. Pedimos que frutifiquem em nós o sacramento pascal. Estar aberto ao Espírito é respeitar às diferenças dos irmãos. O fruto da Páscoa é abrir espaço para que a ação do Espírito nos leve a evangelizar de um modo sempre renovado. 
Professor que não aposenta 
O Espírito Santo, desde o início da Igreja, tem orientado seus passos e ensinado a resolver as questões difíceis, como vemos na abertura da fé aos povos pagãos. O Espírito é o Mestre. Para os judeus, o templo era o centro da vida espiritual. Na Jerusalém Celeste, que já se inicia aqui, Jesus é o novo templo. Ele é o lugar de encontrar Deus. Amando a Deus viveremos sua palavra que é o mandamento do amor. Viver o amor faz de nós templos vivos de Deus. O Espírito Santo está em nós como o mestre: “Ele vos ensinará tudo e trará à memória tudo quanto vos disse” (Jo 14, 26). Não temos mais necessidade da presença física de Jesus, pois o Espírito ensina tudo quanto Jesus quis nos ensinar. “Ele vos trará à memória tudo quanto vos disse”. Temos a Palavra da Bíblia que é o depósito da Palavra de Deus. Esta Palavra nos será ensinada pelo Espírito. Assim surgiram a Escritura e a Tradição. A Escritura nos traz as palavras e, a Tradição, a compreensão de Jesus e de sua Palavra. O Espírito dirige a Igreja no conhecimento de Jesus. Por isso Ele não se aposenta. 
Homilia do 6º Domingo da Páscoa (09.05.2010)

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