A melhor maneira de viver a santidade é o Evangelho, pois “quando se lêem os evangelhos é Cristo quem nos fala”. Jesus é a Palavra de Deus encarnada. O texto bíblico é o melhor modo de Deus nos falar, pois é Palavra inspirada pelo Espírito Santo. É nessa Palavra que devemos crescer na santidade. Vamos ser sinceros e examinar nossos modos de santificação, tanto da Igreja católica como das outras comunidades. Há muitos elementos que vem de fontes particulares, boas, às quais damos mais valor que à Palavra. Pior ainda é usar a Palavra para provar nossas idéias. Certo que podemos acrescentar elementos culturais ou pessoais no caminho da santidade. Mas, o fundamento deve ser sempre a Palavra. As primeiras gerações cristãs fizeram esse caminho: “Eles se mostravam assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). Era uma espiritualidade para todos. Não havia uma particular para o clero e outra para o povo. Com essa separação empobreceu a vocação do leigo e se tornou sempre mais uma coisa do clero. Chegou-se ao extremo de dizer: alguns são chamados à grande santidade, o povinho, para eles bastam os 10 mandamentos. Essa mentalidade existe ainda, em determinados setores. Essa queda da vocação do leigo surge já no tempo dos monges do deserto: o povo, vivia a realidade familiar social com a espiritualidade dos monges. Viviam a espiritualidade do monaquismo. A vida dos monges era o ideal. Não havia uma espiritualidade leiga. Agora há um caminho para os leigos. Mas não chegou às massas.
Povos novos
Com o fim do Império Romano, fruto da decadência e invasões dos novos povos, chamados de bárbaros pelos gregos, a Igreja recebeu uma população nova, que teve que ser evangelizada. Essa evangelização durou séculos. Os mosteiros beneditinos, espalhados por toda Europa, foram os centros de evangelização. As populações estavam ligadas ao mosteiro, no qual aprendiam a trabalhar ou estudar (alguns) e no qual rezavam. As cidades decaíram. A espiritualidade passou a ser bebida na vida monacal. Mais uma vez perde-se o filão. Estes povos novos, vindos de longe, de culturas diferentes, com riquezas novas, trouxeram ao gênio romano um conceito novo de unidade de corpo e alma e não somente intelecto. Se não fossem os mosteiros, estaríamos na situação dos povos da Ásia ou África.
Santidade não é só de padres.
Não criticando, a Igreja convida os leigos a rezarem o mesmo Ofício que rezam os padres e freiras. Certo que alguns podem fazê-lo. Mas o povo pode? Por isso criaram as devoções para preencher o vazio. Perdeu-se o elo da santidade do leigo, sobretudo o casado. Prova? Quantos santos casados temos? Há, por acaso, na sua diocese, uma paróquia cujos padroeiros sejam os santos compadres Sô Antonio e dona Julieta? Só a virgindade santifica? O matrimônio, não é sacramento que confere a graça? João Paulo II dizia que ele fora quem mais canonizara ou beatificara leigos, o jovem Frassati, o banqueiro Tovino, os pastorizinhos de Fátima, como também o casal Luigi e Maria B. Quatroqui e agora temos os beatos Luis e Zélia Guerin, os pais de Santa Terezinha. Em Roma há uma paróquia para o casal martir Áquila e Priscila.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2009
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