sábado, 22 de abril de 2023

OPORTUNA DE SÉEZ Virgem, Abadessa, Santa † 770

Irmã de Crodegango, bispo de Seez(1), 
e sobrinha de Lantilda, abadessa de um 
convento de beneditinas em Almeneches († 770).
Nascida no castelo de Exmes, perto de Argentano, jovem ainda, conseguiu dos pais a permissão para consagrar-se ao Senhor. Assim, deixou o castelo, as comodidades e o convívio dos seus e foi encerrar-se num pequeno mosteiro nas vizinhanças de Almeneches. Oportuna caminhou rapidamente pela senda da perfeição. Num átimo, conquistou o coração da comunidade toda. Humilde, sincera e prestativa, a todos encantava e edificava. Quando a abadessa faleceu, a jovem religiosa foi escolhida, por unanimidade, para preencher a vaga. A princípio, um tanto alarmada com a responsabilidade da direcção da abadia, hesitou. Mas, depois de alguns dias de acurada reflexão, diante de uma revelação, capacitou-se de que a escolha fora dirigida pela vontade de Deus. E aceitou. Agora como superiora, pensava Oportuna, era mister redobrar as mortificações, para dar exemplo às religiosas. E atirou-se de corpo e alma, à oração e à contemplação. E sendo muito severa consigo mesma, era caridosíssima com as filhas. Recebeu, então, do alto, o dom dos milagres. Um deles, refere-se ao guarda-florestal da região e o burrico do mosteiro. Tendo aquele homem, um dia, pedido emprestado o burrico da comunidade, para transportar uma carrada de lenha, achou interessante ficar com o animal para si. E apossou-se do burrico. Passaram-se dois, três dias, e nada do guarda aparecer e fazer a devolução do animal. Oportuna, zelosa com as coisas do mosteiro, lembrou-lhe o dever, mas o homem, que determinara assenhorar-se do burrico, pateava, à espera do que iria a abadessa fazer: talvez desse o caso por encerrado e então o burrico seria seu definitivamente. Oportuna que percebera plenamente as más intenções do guarda-florestal, resolveu não mais tratar da questão com o desonesto, mas com Deus. E a Ele se dirigiu, pedindo que fizesse justiça. Ora, uma bela manhã, quando o guarda deixou a casa e lançou os olhos pelas terras que possuía, viu que um dos seus campos estava completamente coberto por, pensava ele, espessa camada de alvíssima neve. Qual não foi a sua surpresa quando, tendo corrido para o campo, que não ficava longe, verificou que não se tratava de nevem mas sim de sal. Aturdido com o prodígio, logo pensou na feia acção que cometera, tendo para si o que não lhe pertencia: aquilo era, sem dúvida, uma advertência do céu. E, tornando, passou o cabresto no burrico e correu levá-lo ao mosteiro, envergonhadíssimo. Num repente, atirou-se aos pés da santa abadessa e pediu perdão pelo que fizera. E doando ao mosteiro aquele campo, que passou a chamar-se Campo Salgado, sentiu-se o guarda com a alma mais leve. Tempos mais tarde, ali se construiu uma capela, pequenina e graciosa que se dedicou à Santa. Oportuna também recebeu de Deus o poder de submeter os animais e as aves à sua vontade. Certa vez, foram dizer-lhe que uma nuvem de passarinhos se abatera sobre as hortas das redondezas e estava causando um estrago terrível. Oportuna foi-lhes ao encontro. E, dizendo às avezinhas que se considerassem suas prisioneiras, passou, suavemente, a reprovar o que andavam a fazer. Os passarinhos não podiam mover-se. Estava como que presos no chão, nas árvores, nos paus das cercas. Depois que terminou a censura, deu-lhes a santa abadessa a liberdade com a condição de que não mais entregassem aos estragos. Só então recuperaram a faculdade de locomoção. Nem bem chegara Oportuna à abadia, e alguém veio contar-lhe que as aves, portando-se estranhamente, voando e piando tristemente, não abandonavam um determinado lugar. Tornou então a abadessa para o meio dos pássaros. E, tendo descoberto que haviam matado um deles, por isso que chilreavam tão compungidamente e não se iam, Oportuna, tomando ternamente nas mãos a avezita morta, rogando a Deus, restituiu-lhe a vida. Num grande bando que empanou a luz do sol, os pássaros, agora cantando alegremente, desapareceram e jamais voltaram às razias. A trágica morte do irmão, friamente assassinado em Nonant, por um competidor, foi um golpe tremendo para a santa virgem. Nada abrandou a sua grande mágoa. Transportado para a abadia o corpo do irmão, sobre ele Oportuna chorou longamente, suplicando ao Senhor que a levasse também. Deus ouviu-lhe os insistentes rogos. E, poucos meses depois, sabedora de que se ia do mundo, reuniu a comunidade e transmitiu-lhe a notícia. Exortando as religiosas para que vivessem na paz, sempre unidas, a estritamente observar os votos feitos, dias mais tarde, ardendo em febre, recebeu o Corpo e o Sangue de Jesus, vendo a Virgem que lhe vinha ao encontro, e, assim, naquele doce êxtase sem par, faleceu santa e calmamente. Morta no dia 22 de Abril de 770, o corpo da milagrosa abadessa e virgem foi sepultado no mosteiro mesmo que governara, ao lado do irmão bem-amado. Tantos foram os milagres ali operados pelo Altíssimo que o lugar não comportava a multidão de gente vinda de toda a parte. Comprimindo-se, acotovelando-se, todos queriam abeirar-se do túmulo de Oportuna, na ânsia de conseguir as graças que lhe rogavam. Há, na França, diversas igrejas dedicadas a Santa Oportuna. (Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume VII, p. 178 à 181) [1] Diocese que ainda hoje existe em França.
http://alexandrina.balasar.free.fr/oportuna_de_seez.htm

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