sábado, 14 de maio de 2022

REFLETINDO A PALAVRA -“Vinda do Espírito Santo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA CONSAGRADO
SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR
Ele vos ensinará todas as coisas
 
Jesus, na última ceia, afirmou: “Rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito para que permaneça convosco para sempre, o Espírito da Verdade... Vós o conheceis porque Ele permanece sempre convosco” (Jo 14,16-17). O envio do Espírito Santo faz parte da vontade de Deus que quis vir a nós como Pai, Filho e Espírito. É revelação do Espírito Santo. Revela que é o Amor entre o Pai e o Filho. Sua missão é fazer conhecer o Filho, introduzir-nos em Seu amor pelo Pai, levar-nos à verdade plena, isto é, o conhecimento do Evangelho, e fazer-nos testemunhas dessa verdade. Como revelador da Verdade plena, ensina-nos todas as coisas: Faz-nos conhecer Jesus e sua missão. Os discípulos, mesmo depois da Ressurreição de Jesus, ainda estavam buscando um Messias terreno, longe do pensamento de Jesus: “É agora que ides restaurar o reino de Israel?” (At 1,6). Os discípulos de Emaús tinham os olhos fechados (Lc 24,16). Jesus os recrimina: “como sois tardos para compreender o que os profetas disseram!” (Lc 24,25). Depois de Pentecostes, os apóstolos anunciam Jesus. Nossa realidade não é diversa. Precisamos do Espírito para conhecer Jesus e a missão que nos confia de testemunhá-lo.
Em Deus não há confusão 
Na narração sobre a torre de Babel, lemos que Deus confundiu sua linguagem, de modo que não se entendessem (Gn 11,2). Surgiu assim a diversidade das línguas, dificultando a comunicação. Antes havia um só povo. Depois vem a dispersão sobre a terra. Com o Espírito tudo se renova. Lemos: “No dia de Pentecostes, estavam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo”. “Os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito inspirava. Todos ficaram confusos, pois ouviam os discípulos falarem em sua própria língua” (At2,5.7-8). Como em Deus não há confusão, os tempos novos do Espírito são marcados pela volta à grande unidade perdida em Babel. A compreensão em suas próprias línguas é o milagre de ser o Evangelho da Redenção de Cristo compreensível a todos. Nossa realidade não está distante dessa Babel. Apesar de o mundo se tornar uma aldeia, cada pessoa está se tornando uma ilha, com uma linguagem própria. Em Deus não há confusão. Por isso rezamos na oração da missa pedindo que “se renovem no coração dos fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do Evangelho”. Há a esperança de um mundo evangelizado e a certeza na força do Espírito e em sua missão. 
Um só corpo, um só Espírito 
Como em Deus tudo volta a sua origem, e nEle não há confusão, assim também o Espírito faz de nós um único corpo, levando-nos à unidade em Cristo. Nessa festa de Pentecostes, podemos conhecer a missão fundamental da Trindade realizada pelo Espírito: conduzir a diversidade das pessoas, das línguas, das atividades e ministérios a formar um só corpo em Cristo. A unidade é um novo Pentecostes. Realizam-se assim as maravilhas daquele dia. Paulo, na 1ª Coríntios, usa a comparação do corpo e os membros. “De fato... fomos batizados num único Espírito para formarmos um único corpo, e todos bebemos de um único Espírito” (1Cor 12,13). Passamos da confusão de Babel à formação de um só corpo em Cristo. É o que rezamos na missa: “Participando do corpo e sangue de Cristo, sejamos reunidos num só corpo”. Às vezes queremos dons, mas o dom maior é sermos capazes de cooperar com o Espírito para que se forme o único corpo vivo com Cristo. 
Leituras: Atos 2,1-11;Salmo 103; 
1Coríntios12,3b-7.12-13;João 20,19-23 
1. Em Pentecostes temos a revelação do Espírito Santo em sua pessoa e missão. Ele nos une ao Amor da Trindade e nos conduz à Verdade Plena que é Jesus e seu Evangelho. Os discípulos, antes da vinda do Espírito estavam como que cegos. Depois, anunciam Jesus como Salvador com toda a liberdade. Precisamos do Espírito para conhecer Jesus e a missão que Ele nos confia. 
2. A narrativa da descida do Espírito Santo faz lembrar a confusão das línguas em Babel. Em Pentecostes voltamos à origem, onde todos compreendem uma única língua, mesmo na diversidade de raças e línguas. Hoje, vivemos um tempo de babel no qual cada um vive o individualismo. O Espírito vai conduzir-nos à unidade do Corpo de Cristo compreendendo todos a linguagem do Evangelho. 
3. Como tudo volta à origem e, em Deus não há confusão, o Espírito faz de nós um único corpo com Cristo, como Paulo nos explica usando a comparação do corpo e os membros. Esse é o dom maior: ser Corpo de Cristo. 
Que confusão! 
Houve um dia, no Antigo Testamento, em que fizeram uma torre. Deus não gostou do espírito que presidiu a construção. Por isso confundiu a língua deles. Virou Babel, confusão. No dia em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, havia uma confusão de gente e de línguas. E todo o mundo se entendia. Havia um tradutor simultâneo para todos: o Espírito. O Evangelho pode ser entendido por todos, pois sua língua se chama amor do Pai. Em Deus não há confusão (1Cor 14,33). Onde há o Espírito de Deus, tudo funciona bem. Paulo compara a Igreja com o corpo que tem muitos membros, mas todos combinam muito bem para o bem comum. Assim não há confusão. 
Homilia da Solenidade de Pentecostes
(04.06.06)

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