segunda-feira, 21 de março de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “O tempo está maduro”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
54 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
O Reino de Deus está próximo
 
O tempo de Deus irrompe no tempo da humanidade. É o Kairós, o tempo oportuno que nos é dado. É nossa oportunidade de realizar a expectativa de Deus - Acolher esse precioso dom: Jesus Cristo e Seu Evangelho. Refletimos no domingo passado (2º do Tempo Comum) a apresentação de Jesus aos primeiros discípulos. Continuando na mesma perspectiva, vemos o Salvador manifestando Sua missão. Acolhê-lo é acolher seu Evangelho. Ele veio para anunciar o Evangelho do Pai. A Boa Notícia que o Pai quer anunciar é o Filho que é Sua misericórdia para todos. Jesus inicia Sua missão com as palavras: “O tempo completou-se e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). O tempo madurou, completou-se. Relendo a história do povo de Israel, podemos perceber a pedagogia de Deus que o conduziu à maturidade. Daniel profetizara 70 semanas de anos (Dn 9,1-27) – um ano para cada dia da semana. Mais do que contagem de dias, é um símbolo de tempo completo. Deus, que conhece o coração humano, sabe o momento de interferir. Como a semente, o Reino eclodiu em nosso meio. Tornou-se presente: “O Reino de Deus está próximo”. Deus está agindo como amor e misericórdia em nosso meio. O acolhimento da pessoa de Jesus e de Sua mensagem se faz através da conversão. É preciso fazer nossa mente convergir para a mente de Deus. Conversão em grego significa mudar de rumo e sobretudo de mentalidade. No Antigo Testamento temos a frase: “Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, meus caminhos não são vossos caminhos” (Is 55,8). Conversão é uma atitude interior do coração, da mente, e dos caminhos a seguir. Jesus continua: “Crede no Evangelho”. Trata-se da fé em Sua Pessoa, Palavras e atitudes. 
Chamando os discípulos 
Jesus, passando pela beira do lago, convida os primeiros discípulos para o seguir e continuar sua missão. Não se trata inicialmente do grupo dos 12 apóstolos, mas dos que acolhem sua Palavra. É impressionante a rapidez entre o chamado e o gesto do discípulo de abandonar tudo e seguir. Curiosamente, Jesus cobra essa rápida decisão sem questionamentos. Por que? Penso que seja pela radicalidade. Sendo total, não pode ser por partes. Abandonaram tudo e o seguiram. Podemos dizer que, após ouvirem as palavras de Jesus, fizeram uma conversão total à Pessoa de Jesus depois de terem optado por sua Palavra. Não é possível seguir Jesus pela metade. É o que vemos muito e é o que muito destrói a força da Igreja. Dizemos: ‘creio no que me interessa e faço como quero’. Jonas quando prega em Nínive, recebe a mesma resposta imediata por parte do povo e seus dirigentes (Jn 3,1-10). A resposta ao convite de Jesus deve ser total e feliz. 
A figura deste mundo passa 
Não se medem os valores do Reino a partir da figura frágil e insuficiente do mundo, pois o valor do Reino está nele próprio. Sua consistência está no próprio Deus. Paulo, escrevendo aos coríntios, aconselha que podem usar os bens desse mundo (casamento, sentimentos – lágrimas e alegria, compras e posses, prazeres da vida), mas, como se não usassem (Vemos aqui as 3 tentações que Jesus sofreu). Tudo é bom, mas em primeiro lugar deve estar o Reino como a fonte e base. 
Leituras : Jonas 3,1-5.10; Salmo 24; 
1 Coríntios 7,29-31; Marcos 1,14-20 
Ficha: 1. O tempo de Deus irrompe no tempo da humanidade. É o tempo oportuno para acolhermos Jesus Cristo e Seu Evangelho. Jesus continua se manifestando. Ele se manifesta como a misericórdia do Pai para com todos. Por isso Ele é o Evangelho, a Boa Notícia. O anúncio vem unido ao convite à conversão. O tempo está maduro também para a conversão. É a conversão do interior, da mente, dos pensamentos e dos caminhos a seguir. Crer o Evangelho é crer na Pessoa de Jesus, em Suas Palavras e atitudes. 
2. Jesus passando à beira do lado, chama os primeiros discípulos para segui-lo e participar de sua missão. Eles, imediatamente, deixaram tudo e o seguiram. A resposta é imediata. A radicalidade é essencial para a resposta ao convite de Jesus. Não se pode seguir Jesus pela metade. O mesmo ocorreu com Jonas que pregou a conversão em Nínive. A resposta deve ser total e feliz. As meias respostas enfraquecem a Igreja. A resposta não pode basear-se no que me interessa ou no modo como quero.
3. Paulo acentua a figura frágil e insuficiente do mundo, pois o valor do Reino está nEle. Escrevendo aos coríntios aconselha a usar os bens desse mundo (casamento, sentimentos, bens e prazeres) como se não usassem. Tudo é bom, mas em primeiro lugar deve estar o Reino. Note-se que esta apresentação de Paulo nos faz lembrar as tentações de Jesus. 
Homilia do 3º Domingo Comum
EM JANEIRO DE 2006

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