sexta-feira, 19 de novembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “O programa de Cristo”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Deixar-se conduzir pelo Espírito. 
Iniciamos o tempo comum com a leitura do evangelho de Lucas. Notamos que Lucas percebe Jesus como Aquele que é conduzido pelo Espírito Santo. Na união da Trindade, o Espírito é aquele que conduz o Filho. Concebido por obra do Espírito Santo, deixa-se conduzir por Ele. No Batismo, Jesus é ungido pelo Espírito para cumprir a missão que o Pai lhe dá: “Este é meu Filho amado em quem ponho todo o meu bem querer” (Lc 3,2). Jesus, explica ao povo sua missão, na sinagoga de Nazaré, aonde ia sempre, conforme seu costume. Na beleza e força do Filho de Deus, o Homem de Nazaré “levantou-se para fazer a leitura”. Escolhe um trecho de Isaias (Is 61,1) que diz do Espírito que o animava: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque Ele me consagrou com a unção e enviou-me...” Na Crisma, todo o cristão recebe esta unção com óleo do Espírito. Esta unção é para uma missão concreta no Reino de Deus. A tendência de espiritualizar a religião é para fugir do compromisso evangélico de ser guiado pelo Espírito para manifestar aos mais necessitados a redenção trazida por Jesus. Esta redenção vai às cadeias, aos leitos de dor e ao íntimo dos corações. 
Ele abriu o livro santo. 
O Espírito conduz a Igreja através do livro santo. Podemos notar a beleza do gesto de Jesus de abrir o livro na sinagoga. Este mesmo gesto nós o vemos na assembléia convocada por Neemias (Ne 8,2-10). Esdras sobe no palanque e faz a leitura do livro até o meio dia. A renovação do povo inicia-se pela leitura da Bíblia. Jesus, ao iniciar seu ministério, declarando sua missão, abre o livro e lê ali seu projeto de vida como Salvador da humanidade. Em todas as nossas celebrações abrimos a Palavra de Deus. Nem sempre somos capazes de perceber a intensidade da vida que vem desta Palavra. Por isso são palavras que muitas vêzes caem no vazio. Podemos modificar este modo de ler, se as lermos e ouvirmos como Palavra inspirada e colocada em nós pelo Espírito Santo. Jesus toma este programa e o cumpre durante sua vida. Sua missão é fundamente espiritual porque vai penetrar profundamente as realidades sofredoras de todos os homens e mulheres. É o Espírito que o leva a anunciar a alegria aos pobres, libertar os cativos, dar vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor, a renovação total de todas as realidades. 
Ser cristão como Cristo. 
A missão de Jesus é a mesma de todo o cristão: viver sob a unção do Espírito, quer dizer: deixar o Espírito agir em nós abrindo nosso coração ao amor e à pratica de todo bem. Tem o Espírito quem quer amar e contribuir para um mundo melhor. Esta ação vai nos conduzir a cuidar dos mais enfraquecidos e necessitados. Não é esta a mentalidade da sociedade. Basta ver como os pobres sofrem porque não existe esta realidade de amor. Iniciando o novo ano, possamos conduzir nossa vida com um olhar lançado sobre o mundo, mas um olhar de misericórdia, como o tinha Jesus. 
Leituras: Neemias, 8,2-10; 
1 Coríntios12,12-14.27;Lucas1,1-14.27 
Ficha: 1. Jesus era guiado pelo Espírito Santo desde sua encarnação. Recebe-o na unção após seu batismo no Jordão e é conduzido pelo Espírito durante todo seu ministério. Em Nazaré, iniciando seu ministério, mostra que é o Espírito que lhe confere o programa de missão redentora. Todo cristão recebe também, na Crisma, uma missão que é a mesma de Jesus. A religião é espiritual pois vai ao fundo do sofrimento do mundo. Com o Espírito de Jesus se realiza a transformação do mundo. 
2. A Palavra de Deus, o livro santo, é o lugar onde podemos encontrar, guiados pelo Espírito, a orientação para nossa vida, para sermos como Jesus era. Se nos abrirmos ao Espírito, estas palavras tomam sentido e densidade em nossa vida. 
3. Abertos ao Espírito poderemos exercer nossa missão como Jesus exercia a sua. Ele abrirá nosso coração ao amor e ao cuidado e atenção para com os mais enfraquecidos. Seguindo a moção do Espírito, seremos a misericórdia de Jesus para com os pobres. 
Homilia do 3º domingo do Tempo Comum 
EM JANEIRO DE 2004

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