quinta-feira, 19 de setembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Um mandamento novo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Perdoar para ser perdoado 
O versículo de aclamação ao evangelho nos dá o sentido da celebração desse domingo: “Eu vos dou um novo mandamento que também vós ameis uns aos outros como Eu vos amei”. Uma vez que se reflete sobre a superioridade do perdão de Deus, aprendemos como viver o perdão. Esse tema toca no núcleo da revelação de Jesus que é a redenção misericordiosa do Pai. A parábola está colocada no discurso sobre a Igreja do evangelho de Mateus. A missão da Igreja é criar um mundo renovado que elimina o ódio, a começar da comunidade, como o Pai perdoa. Não participa da vida da Igreja quem não perdoa sempre. Pedro faz uma pergunta até quando temos que perdoar, até sete vezes? E achou que já era muito. Jesus faz um jogo de palavra de palavra de sete com setenta vezes sete (Mt 18,22), isto é, sempre. Sete é o número completo. Na leitura do livro do Eclesiástico encontramos o mal que faz o mal. Prejudica até o relacionamento com Deus. Vemos uns textos: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis”. “Quem se vingar se encontrará com a vingança do Senhor que pedirá severas contas de seus pecados”. Quem tem raiva e não tem compaixão, como poderá pedir perdão de seus pecados? Há grandes vantagens no perdão das injustiças: quando orar terá o perdão dos pecados. O autor sagrado traz dois conselhos: “Lembra-te de teu fim e deixa de odiar... Pensa na destruição e na morte, e persevera nos mandamentos... Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia” (Eclo 27,33-28,9). Evitar o ódio é questão de inteligência. O bem que faz é maior 
Deus é o modelo 
Essa reflexão tem como pano de fundo o mandamento do amor vivido na prática. Jesus fez pregações e milagres, mas o que nos salvou foi dar a vida para a remissão de nossos pecados e nossa comunhão com Deus. O perdão e a comunhão fraterna constituem a base da vida cristã. Aprendemos de Deus como devemos viver, pois vive assim como cantamos nos salmos: Ele perdoa toda nossa culpa... Não guarda seu rancor eternamente... Seu perdão é imenso. Na comparação do evangelho, dez mil denários eram 164 toneladas de ouro. Cem denários eram trinta gramas de ouro. Assim compara a diferença do perdão de Deus e do nosso. E continua o salmo: “Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem. Quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes”! (Sl 102). Deus coloca em nossas mãos o modo como vai nos perdoar. Por isso Jesus ensinou no Pai Nosso: “Perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”. Nós não aceitamos uma chamada de atenção sobre nossos erros feita pelos que têm responsabilidade sobre a comunidade. Mas queremos que 
Deus nos perdoe. 
Ninguém vive para si Viver o amor é sair da prisão do ódio. O ódio corrói nosso coração. Paulo resume essa vida espiritual nas palavras “ninguém vive para si mesmo, ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8). Na vida e na morte estamos voltados para Cristo. Por aí se modela nossa vida na construção de uma fraternidade madura que dê frutos para o mundo e possa conhecer Deus. Ele nos provoca sempre a uma vida mais cheia de tudo que nos dá. Ele é o Senhor, pois morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). A vida cristã só será completa se nela houver essa disposição de perdão e acolhimento. O melhor de tudo é criar uma cultura onde não seja preciso estar se ofendendo.

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