Deus fez o homem e a mulher seres
frágeis em contínuo crescimento, comprometimento um com o outro e
complementação. É o sentido social do ser humano. Por isso o anúncio do Reino
de Deus, a evangelização, tem um conteúdo inevitavelmente social (EG 177).
Vamos refletir sobre a dimensão social da evangelização. A sociedade quer tirar
o aspecto religioso dizendo que a religião é para a sacristia. Agora se insiste
que o estado é laico e não tem nada a ver com o religioso. Dizendo laico, não
diz que é ateu. Dizer que é ateu, já é assumir uma posição religiosa. Laico
significa que o estado não está a serviço de uma religião particular, mas é
aberto a todas. Ser ateu é excluir todos. Igualmente se exclui para que sua
conduta e legislação não sejam questionadas quanto ao bem, à justiça e à
fraternidade. A evangelização se destina ao ser humano completo, pois assim ele
é feito. A tendência espiritualizante que há nas religiões é para evitar o
compromisso com a pessoa em todas suas dimensões. O mandamento do amor permeia
todas. Crer em Deus Criador, no Filho Redentor e no Espírito Santificador é
reconhecer a dimensão social que há na Redenção. Cristo redimiu o ser humano
completo. A santificação que faz o Espírito Santo penetra todo o ser e em todas
suas atitudes. Nosso modelo de vida é a comunhão da Trindade. Parar identificar
a verdade da religião, deve-se ver como ali se realiza o amor que é cuidar do
bem dos outros. A meta é fazer como Cristo que saiu de si para se encarnar e
dar a vida para que todos a tenham (Jo 10,10).
1610.Fé e
compromisso social
“A partir do coração do Evangelho, reconhecemos a conexão íntima que existe
entre evangelização e promoção humana, que se deve exprimir e desenvolver em
toda ação evangelizadora” (EG 178). Fazer pastoral sem ação social é, no
mínimo, empobrecer a mensagem de Jesus e desqualificar a Igreja. “Amar e ser
amado por Deus provoca na vida da pessoa e em suas ações, a reação fundamental:
desejar, buscar e cuidar do bem dos outros” (Id). Na parábola do bom samaritano
permanece o ícone de Jesus que se inclina sobre o ser humano fragilizado. Essa
parábola é a síntese da vida de Jesus e de sua missão. A resposta de amor a
Deus em Cristo acontece quando amamos o irmão: “O que fizestes a um destes
irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
1611.
Sair de si
Papa Francisco traz
diversos trechos das Escrituras (EG 179) que mostram a absoluta prioridade “da
saída de si para o irmão”, “como um dos dois mandamentos que fundamentam toda a
norma moral e como sinal mais claro para discernir sobre o crescimento
espiritual em uma resposta à doação absolutamente gratuita de Deus” (EG 179).
Não se faz a caridade porque é uma norma, mas porque nasce do próprio amor de
Deus que enviou seu Filho para nossa redenção. A Igreja é missionária por
natureza e dessa natureza brota a caridade efetiva para com o próximo, a
compaixão que compreende, assiste e promove. Os planos pastorais devem ser
feitos a partir da natureza da Igreja que é também social. Papa Bento XVI
escreve que “também o serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão
da igreja e expressão irrenunciável de sua própria existência” (Bento XVI
11.11.12). Não podemos deixar de lado a dimensão espiritual, mas esta está
intimamente unida à dimensão social que é a expressão da caridade.
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