Evangelho
segundo S. Mateus 18,12-14.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Que vos
parece? Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se tresmalhar, não deixará as
noventa e nove nos montes para ir procurar a que anda tresmalhada? E se chegar a encontrá-la, em verdade vos digo que se alegra mais por causa
dela do que pelas noventa e nove que não se tresmalharam. Assim também, não é da vontade de meu Pai que está nos Céus que se perca um só
destes pequeninos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense,
doutor da Igreja
Sermão 1 para o Advento, 7-8
«Não é da vontade de meu
Pai que está nos Céus que se perca um só destes pequeninos»
«Vede: é o Senhor em pessoa que vem de longe»
diz o profeta (Is 30,27). Quem poderá duvidar disso? Era preciso que houvesse,
no início, algo grandioso, para que a majestade de Deus se dignasse descer de
tão longe para um sitio tão indigno dela. Sim, efetivamente havia aí algo
grandioso: a sua grande misericórdia, a sua imensa compaixão, a sua abundante
caridade. Com efeito, com que objetivo julgamos nós que Cristo veio?
Encontrá-lo-emos sem dificuldade, pois as suas palavras e os seus atos
revelam-nos claramente a razão da sua vinda: Ele desceu das alturas para
procurar a centésima ovelha desgarrada. Ele veio por nossa causa, para que as misericórdias do Senhor aparecessem com
maior evidência, bem como as suas maravilhas a favor dos filhos dos homens (Sl
106,8). Admirável condescendência de Deus que nos procura, e grande dignidade
do homem que é assim procurado! Se este quer glorificar-se, pode fazê-lo sem
loucura, não que por si mesmo possa ser coisa alguma, mas porque Aquele que o
criou o fez assim grande. Com efeito, todas as riquezas, toda a glória deste
mundo e tudo o que se pode desejar, tudo isso é pouca coisa e mesmo nada, em
comparação com esta outra glória. «Que é o homem, Senhor, para que faças caso
dele e ponhas nele a tua atenção?» (Jb 7,17).
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