Evangelho
segundo S. Lucas 5,17-26.
Certo dia, enquanto Jesus ensinava, estavam entre a
assistência fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as povoações
da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder do Senhor para
operar curas. Apareceram então uns homens, trazendo num catre um paralítico; tentavam levá-lo
para dentro e colocá-lo diante de Jesus. Como não encontraram modo de o introduzir, por causa da multidão, subiram ao
terraço e, através das telhas, desceram-no com o catre, deixando-o no meio da
assistência, diante de Jesus. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse: «Homem, os teus pecados estão
perdoados». Os escribas e fariseus começaram a pensar: «Quem é este que profere blasfémias?
Não é só Deus que pode perdoar os pecados?» Mas Jesus, que lia nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: «Que
estais a pensar nos vossos corações? Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou ‘Levanta-te e
anda’? Pois bem, para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os
pecados, Eu te ordeno — disse Ele ao paralítico — levanta-te, toma a tua
enxerga e vai para casa». Logo ele se levantou à vista de todos, tomou a enxerga em que estivera deitado
e foi para casa, dando glória a Deus. Ficaram todos muito admirados e davam glória a Deus; e, cheios de temor,
diziam: «Hoje vimos maravilhas».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório de Agrigento (c. 559-c. 594), bispo
Sobre o Eclesiastes, livro 10, 2; PG 98, 1138
«Hoje vimos maravilhas»
A luz é suave e é bom contemplar o sol com os
nossos olhos de carne [...]; é por isso que já Moisés dizia: «Deus viu que a
luz era boa» (Gn 1,4). [...] Como é bom para nós pensar na grande, verdadeira e indefectível luz «que, ao
vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1,9), isto é, Cristo, o Salvador do
mundo e seu libertador. Depois de Se ter revelado ao olhar dos profetas, fez-Se
homem e penetrou até às últimas profundezas da condição humana. É dele que fala
o profeta David ao dizer: «Louvai a Deus, cantai salmos ao seu nome, abri
caminho Àquele que cavalga sobre as nuvens; o seu nome é Senhor! Exultai na sua
presença» (Sl 68,5) E ainda Isaías, falando bem alto: «O povo que andava nas
trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou
sobre eles» (9,1). [...] Assim, pois, a luz do sol, vista pelos nossos olhos de carne, anuncia o Sol
espiritual da justiça (cf Mal 3,20), o mais suave que alguma vez Se elevou,
para aqueles que tiveram a felicidade de ser instruídos por Ele e de O ver com
os olhos de carne, enquanto Ele permanecia entre os homens, como um homem
vulgar. E, no entanto, Ele não era apenas um homem vulgar, uma vez que tinha
nascido verdadeiro Deus, capaz de dar a vista aos cegos, de fazer caminhar os
coxos, de fazer ouvir os surdos, de purificar os leprosos e de trazer os mortos
à vida com uma simples palavra (cf Lc 7,22).
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