quarta-feira, 18 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Feliz és tu que temes o Senhor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVIERA
REDENTORISTA
Serão os dois uma só carne.
               Os primeiros capítulos da Bíblia não contam como aconteceram os fatos, mas como devem acontecer hoje. Valem primeiro pelo conteúdo e depois pela beleza da história narrada. São narrados na bela forma de fatos colocados nas origens para significar a realidade que se vivia no momento em que foram escritos. Uma leitura fundamentalista não faz mais que perder a riqueza do conteúdo. O texto da criação do homem revela-nos, no livro do Gênesis, que o homem é o colaborador de Deus na obra da criação e conservação do mundo. O homem não é um ser isolado, fechado em si como animal. Ele vive para comunhão a mulher. Eles se completam. São duas partes do mesmo ser carnal e espiritual. Eles estão acima da natureza criada não para subjugá-la, mas para levá-la a sua realização. Quando Deus faz a mulher, usa linguagem carinhosa de quem esculpe um objeto precioso. Deus tomou a costela do homem e fez a mulher. Nas línguas semitas a palavra costela tem também o sentido de vida. É a mesma vida. Deus dá a Adão um profundo sono. Significa o mistério que cada pessoa possui. Não é um obstáculo nem submissão entre o homem e a mulher, mas um caminho para a descoberta do outro na mútua entrega e conhecimento. Ser uma só carne não se trata só de uma união amorosa, mas da totalidade de um ser espiritual em duas partes que se atraem e se realizam. Os fariseus colocaram a questão do divórcio. Eles se davam o direito de divorciar ao bel prazer, no egoísmo. Jesus diz: “No começo não era assim”. A felicidade do homem está em seguir o projeto de Deus que leva à realização. A quem apóia o divórcio perguntamos: Que melhora o divórcio trouxe para o mundo? É mais que uma diminuição do ser humano. Mas o matrimônio continua em seu vigor. Não podemos medir o casamento pelos desacertos humanos, mas pelo que ele é em sua fonte.
Salvação por meio do sofrimento
               A missão do casal cristão é manifestar ao mundo a verdade de que o amor de Deus pode ser vivido em casal. Quando não tivermos mais a família, não mais poderemos entender quem é Deus, pois o casal é uma leitura do evangelho que mostra como é o amor de Deus. Podemos dizer que é o evangelho lido na totalidade da pessoa humana que é espiritual, carnal e intelectual.  O sofrimento que traz não se trata de dor, de falta de realização, de desgosto, mas de esforço para que possam sempre mais apresentar a realidade Divina presente no coração humano, de modo particular do casal. 
Deixai vir a mim os pequeninos
                O texto pesado sobre o matrimônio se conclui com a beleza dos pequeninos acolhidos dentro do matrimônio. A fidelidade matrimonial só será uma realidade se tivermos um coração como das crianças que procuram Jesus com toda a liberdade e O acolhem como pessoa e sentido de vida. Assim se iluminará para viver o caminho do amor de Deus por nós em Cristo. Não há nada que possa dizer ao homem que a palavra de Jesus não seja possível em nossa vida. Mesmo nas dificuldades matrimoniais, as dificuldades são um bem, pois promovem a busca de Jesus na busca das soluções. Acolher o Reino é a solução para nossa vida. Não existem problemas insolúveis, existem soluções a serem procuradas. O gesto de Jesus acolhendo as crianças é um indicativo para nossa pastoral: abrir espaço para as crianças em nossas Igrejas e celebrações e anunciar-lhes o evangelho como Jesus fazia, acolhendo-as e abençoando-as. 

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