Evangelho segundo S. Lucas 10,1-9.
Naquele
tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua
frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A
seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande
trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio
de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a
saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro:
‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre
eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que
tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino
de Deus’.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253), presbítero,
teólogo
Homilias sobre São Lucas, n.º 1,1-2
«Visto que muitos empreenderam compor uma
narração dos factos que entre nós se consumaram, [...] resolvi eu também, depois
de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los a ti por escrito
e pela sua ordem, caríssimo Teófilo, a fim de reconheceres a solidez da doutrina
em que foste instruído» (Lc 1, 1-4).
Antigamente, entre os judeus, um
grande número de pessoas presumia ter o dom da profecia, mas alguns eram falsos
profetas. [...] O mesmo se passou no tempo no Novo Testamento, em que muitos
«empreenderam» escrever evangelhos, mas nem todos foram aceites. [...] A palavra
«empreenderam» contém uma acusação velada contra aqueles que, sem terem a graça
do Espírito Santo, se lançaram na redação de evangelhos. Mateus, Marcos, João e
Lucas não «empreenderam» escrever, mas, cheios do Espírito Santo, escreveram
efetivamente os verdadeiros Evangelhos. [...]
A Igreja tem, pois, quatro
evangelhos; os hereges têm-nos em grande número. [...] «Muitos empreenderam
compor uma narração», mas apenas quatro evangelhos foram aprovados; e é desses
que devemos retirar, para trazer à luz, aquilo em que é necessário crer sobre a
pessoa do Nosso Senhor e Salvador. Sei que existe um evangelho a que chamam
«segundo S. Tomé», outro «segundo Matias» e lemos ainda outros tantos para não
fazermos figura de ignorantes diante daqueles que imaginam saber alguma coisa
porque conhecem esses textos. Mas, em tudo isso, só aprovamos aquilo que a
Igreja aprova: admitimos apenas quatro evangelhos. É isto que podemos dizer
sobre o texto do prólogo de S. Lucas: «Muitos empreenderam compor uma narração
dos factos que entre nós se consumaram».
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