sexta-feira, 17 de março de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Se Cristo não ressuscitou...”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA,REDENTORISTA
942. Vã é nossa fé.
            Contemplar com amor os sofrimentos de Jesus em sua Paixão e Morte, toca-nos profundamente. Infelizmente, passado o sentimento, vai-se a conversão. S. Afonso afirma que se acolhermos o amor com que Cristo assume sua Paixão, nossa conversão é sincera. Nós devemos ir além e assumir a Ressurreição como salvação. “Ressaltar a importância da Ressurreição, a teologia do Mistério Pascal, em nada diminui o mistério da morte. Este mistério não aparece como um acontecimento passado... a morte é eternizada” (Pe. Durwell). O que aconteceu em Jesus uma vez, permanece para sempre, não como um fato que se repete, mas uma presença salvadora. Nós não estamos habituados a viver a Ressurreição. Isso podemos ver na própria tradição do povo: O ponto alto da Semana Santa é a procissão do Enterro. E parece acabar ali. Ninguém tem culpa. É uma realidade que nasce, há séculos, quando se perdeu a formação do povo. A catequese que conseguiu permanecer foi a contemplação dos mistérios da dor. Isso é mais fácil compreender. Somos chamados a aprofundar em nossa vida o mistério da Ressurreição. Nossa fragilidade de fé vem do desconhecimento do Mistério Pascal de Cristo como um todo. “Se Cristo não ressuscitou, escreve Paulo, vã é nossa fé” (1Cor 15.17). Não fomos salvos só pelo sacrifício da cruz, mas unidos à vitória da Ressurreição. Como passar esta Vida para nossa vida? A Morte e Ressurreição de Jesus perdoam nossos pecados e nos dão a vida. Ele o fez “uma vez por todas” e não tem mais o que fazer por nós. Falta nossa adesão pessoal e de vida a Sua Pessoa. Nós o faremos vivendo o Evangelho e a vida da Igreja através dos sacramentos.
943. Uma religião sem Jesus vivo
            Fé em Jesus é comunhão a seus sofrimentos e participação em sua ressurreição. Fazemos comunhão com Ele. Podemos ter muita religião e pouca fé. É o que vemos em muitos de nós quando criamos uma capa religiosa, mas o Evangelho não é a iluminação de nossa vida, não é o caminho. Levo minha vida com odor de evangelho. Jesus é um santo a mais para atender meus pedidos. Ai de quem toca na minha vida, cobrando conversão! Acontece então que abandona a Igreja, persegue os padres, fala de tudo, quer impor seu modo de ver. Sem essa adesão a Jesus, podemos nos tornar bons administradores, mas  sem deixar que Jesus transpareça através de nossa vida e ação. Podemos ver que os que deixaram sua marca no mundo e anunciaram Jesus com força foram os que viveram Sua Vida e Missão. Não basta ter religião católica, é preciso ter fé cristã. Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto... ter a vida com Cristo em Deus (Cl 3,1).
944. Renovando as energias
            A força de Jesus Ressuscitado invadiu o mundo. O mistério de Deus não é uma religião a mais. Ele nos vivifica pelo Espírito e nos conduz para que vivamos sua vida. O mistério Pascal é mistério de filiação. Nossa força está na união a Jesus que está unido a seu Pai. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23). Permanecemos Nele pela fé, pelos sacramentos, pelo amor, pelo sofrimento vivido com Ele, pela vivência do Evangelho. Renovados podemos viver mais intensamente o Mistério de Jesus em nossa vida. Espiritualidade não é conceito, mas vida, decisão e compromisso por Ele.

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