Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.45-46.
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi
outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma
sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns
vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou
os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros,
porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro
apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os
primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim mandou-lhes o seu
próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’. Mas os vinhateiros,
ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e
ficaremos com a sua herança’. Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e
mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará
matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que
lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na
Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo
isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo:
Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos». Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
compreenderam que falava deles e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do
povo, que O considerava profeta.
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153),
monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 30 sobre o Cântico dos Cânticos
O mistério da vinha de Deus
Irmãos, se na vinha do Senhor vemos a
Igreja, não é pequena prerrogativa ter a Igreja alargado os seus limites a toda
a Terra. [...]
Refiro-me à multidão dos primeiros crentes, de quem foi
dito que tinham «um só coração e uma só alma» (At 4,32). [...] Porque a
perseguição não a arrancou tão brutalmente do solo, que ela não tenha podido
voltar a ser plantada noutros locais e alugada a outros vinhateiros que, chegada
a estação própria, a fizeram dar frutos. Ela não pereceu, mudou de solo. Melhor,
ganhou em força e em difusão, como vinha bendita pelo Senhor. Levantai,
portanto, irmãos, os vossos olhos e vereis que «as montanhas cobriram-se com a
sua sombra, e os seus ramos ultrapassaram os altos cedros. As suas ramagens
estenderam-se até ao mar e os seus rebentos até ao rio» (Sl 79,11-12).
Isto não surpreende: ela é o edifício de Deus, o seu terreno de cultivo
(1Cor 3,9). É Ele que a torna fecunda, que a faz propagar-se, que a poda e a
limpa, de modo a que ela produza mais fruto. Ele não deixará ao abandono a cepa
que a sua mão direita plantou (Sl 79,15); não abandonará a vinha cujos ramos são
os Apóstolos, cuja cepa é Jesus Cristo e de que Ele, o Pai, é o agricultor (Jo
15,1-5). Plantada na fé, ela mergulha as suas raízes na caridade; lavrada pela
obediência, fertilizada pelas lágrimas do arrependimento, irrigada pela palavra
dos pregadores, dela transborda um vinho que inspira a alegria e não a má
conduta, um vinho cheio de doçura, que alegra verdadeiramente o coração do homem
(Sl 103,15). [...] Filha de Sião, consola-te a contemplar este grande mistério:
não chores! Abre o teu coração para acolheres todas as nações da terra!
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