Evangelho segundo São Mateus 5,1-12a.
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-no os discípulos,
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1786-1859)
Presbítero, Cura de Ars
Temos de ser santos ou réprobos
O cristão deve ser santo
«Sede santos, porque Eu sou santo» (Lv 19,2), diz-nos o Senhor. Porque é que Deus nos dá este mandamento? Porque somos seus filhos e, se o Pai é santo, os filhos também devem ser santos. Só os santos podem ter a esperança de ir gozar da presença de Deus, que é a própria santidade. De facto, ser cristão e viver em pecado é uma contradição monstruosa. O cristão deve ser santo.
Sim, esta é a verdade que a Igreja não cessa de nos repetir; e, a fim de a gravar no nosso coração, apresenta-nos um Deus infinitamente santo santificando uma multidão infinita de santos, que parecem dizer-nos: «Lembrai-vos, cristãos, de que estais destinados a ver Deus e a possuí-lo; mas só tereis esta felicidade na medida em que tiverdes reconstituído em vós, durante a vossa vida mortal, a sua imagem, as suas perfeições e, sobretudo, a sua santidade, sem a qual ninguém O verá». E, se a santidade de Deus parece estar acima das nossas forças, consideremos as almas bem-aventuradas, a multidão de criaturas de todas as idades, sexos e condições que foram submetidas às mesmas misérias que nós, expostas aos mesmos perigos, sujeitas aos mesmos pecados, atacadas pelos mesmos inimigos, cercadas pelos mesmos obstáculos. O que elas fizeram, também nós podemos fazê-lo; não temos desculpa para nos dispensarmos de trabalhar para a nossa salvação, isto é, para sermos santos.
Concluamos dizendo que, se quisermos, podemos ser santos, porque Deus nunca nos recusará a sua graça para nos ajudar a sê-lo. Ele é nosso Pai, nosso Salvador e nosso amigo. Ele deseja ver-nos livres dos males desta vida e quer encher-nos de toda a espécie de bens, depois de nos ter dado, já neste mundo, imensas consolações, que são um antegosto das do Céu, que vos desejo.
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