A figura polêmica do profeta sempre esteve presente na História da Salvação. Falando em nome de Deus, fustigam as consciências para que as pessoas se afastem do mal e procurem o bem. Normalmente são vistos como um “estraga prazeres”. É o que vemos em Jesus que vai a Nazaré para o meio de seus familiares e amigos que o viram crescer com eles. Agora faz milagres e tem uma sabedoria que encanta. Logo gera o ciúme. Ele próprio afirma “que não há profeta sem honra exceto em sua pátria, em sua parentela e em sua casa” (Mc 6,4). Jesus não é diferente. Seu ensinamento se apoia na Palavra de Deus que exige conversão. Lemos no Antigo Testamento quando os judeus querem um rei como os outros povos. O profeta Samuel se desgosta. Deus lhe diz: “Não é a ti que eles rejeitam, mas a Mim, porque não querem mais que eu reine obre eles” (1Sam 8,7). A recusa ao profeta percorre as Escrituras, pois o povo sempre se afastava de Deus. Ele tem consciência da vontade de Deus e tem zelo pela casa de Deus; quer levar o povo a viver a aliança e renovar seus caminhos. Ele tem amor a seu povo, pois não quer ver o sofrimento, fruto do pecado. Os castigos que o povo sofreu são conseqüência de seu pecado e do pecado de seus chefes. Hoje não dizemos nestes termos, mas se vivermos a Palavra de Deus poderemos evitar muitos males, que não são castigos, mas conseqüência do mau procedimento. Temos um exemplo: Quem dirigir alcoolizado faz mal a si e aos outros. Ao serem chamados a atenção, não ouvem. O profeta não é um tipo estranho, exótico, mas aquele que chama à verdade. O profeta Ezequiel afirma que mesmo se não escutem, “saberão eu um profeta esteve entre com eles” (Ez 2,5).
Consolo do profeta
A vida do profeta é difícil. É difícil proclamar a vontade de Deus num mundo sem fome de Deus. Temos a certeza que a palavra frágil do homem ou da mulher que procuram a verdade tem a forma humana, mas também a força de Deus. Ela tem a força de mudar os corações. Anunciar a Palavra de Deus não em proveito próprio, mas de Deus, tem a recompensa de estar unido a Deus. Por outro lado, como escreve Paulo, mesmo que tenhamos o espinho na carne, temos a promessa de Deus: “Basta-te a minha graça” (2Cor 12,9).
Continuar anunciando
O profeta para continuar anunciando tem que descobrir as sementes da Palavra presentes no povo de Deus e ser capaz de despertar os dons que o Espírito dá a cada um; necessita aprender a ouvir o povo e ser evangelizado por ele. O povo de Deus tem fé e pratica a Palavra mesmo sem saber explicá-la. Ao profeta é pedido encontrar sempre novos meios de transmitir a Palavra. Temos visto certos pregadores que usam outros meios que alguns rejeitam. Graças a Deus que evangelizam. Mesmo no meio da perseguição e das contrariedades é preciso continuar anunciando (Ap 10,11). Paulo tinha um espinho na carne, uma dificuldade e diz: “Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por Cristo. Quando eu me sinto fraco é então que sou forte” (2Cor 12,10). O salmo nos aconselha estar sempre atento à vontade de Deus, pois Ele sempre fala. Vale a pena esperar em Deus, mesmo diante do desprezo dos soberbos (Sl 122).
Leituras Ezequiel 2,2-5; Salmo 122;
2 Coríntios 12,7-10; Marcos 6,1-6.
1. Sempre houve profetas que falam em nome de Deus e fustigam as consciências. Jesus passa por essa experiência de ser recusado até mesmo em sua pátria. O profeta tem consciência da vontade de Deus e tem zelo por sua casa. Quer levar o povo a viver a aliança e renovar os caminhos. Não quer o sofrimento fruto do pecado.
2. É difícil proclamar a vontade de Deus num mundo sem fome de Deus. A palavra é frágil, mas tem a força de Deus. Paulo diz que tem um espinho na carne. Deus lhe diz: Basta-te minha graça!
3. Para continuar anunciando, o profeta deve descobrir as sementes da palavra presente no povo e despertar seus dons, sendo evangelizado pelo povo. Deve sempre procurar novos caminhos. Mesmo na fragilidade, deve anunciar estando atento à vontade de Deus.
Trabalhar para Deus é fogo!
Os profetas e todos que trabalham na árdua missão de pregar o evangelho sofrem muito. Nem todo mundo aceita a pregação e até a recusa. Podemos ver que o próprio Jesus foi recusado na sua pátria, entre seus familiares. Há muita gente de cabeça dura. Não recusam a Deus diretamente, mas não aceitam os que falam em seu nome.
Jesus em Nazaré, lá onde fora criado não foi aceito. Não admitiam que um igual a eles falasse com tanta sabedoria. Só porque conheciam sua família pensavam que ele não poderia ser tão sábio.
Paulo sofre perseguição dos que não aceitavam a mudança na religião judaica. Quem fala em nome de Deus sofre muito. Qual a reposta que Deus dá: “Basta-te minha graça!” Essa fraqueza é a força de Deus. Às vezes o profeta pode achar que vai bem porque é mérito dele. Por isso, para não se encher de orgulho, o sofrimento aparece. Deus é quem anuncia por sua boca.
Homilia do 14º Domingo Comum (08.07.2012)
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