sábado, 9 de dezembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegria completa”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Confiou-nos seus bens
 
Como na parábola da vinha encontramos também na parábola dos talentos o verbo confiar. O senhor confia a vinha e seus bens a pessoas que a façam produzir; Deus confia em nós e nos dá os talentos, os dons. O evangelho continua: “E parte imediatamente”, isto é: entregou sem precisar de controle, pois confia. Cada um prestará contas a Deus do que lhe foi confiado. Não é uma ameaça, mas um dom. Na perspectiva da vigilância aprendemos que não é uma tensão a mais na vida, mas uma direção certaz para produzir frutos. O senhor confiou e quis ver os frutos. Tanto ao que recebeu 5 como ao que recebeu 2, e duplicaram o patrimônio, o senhor dá a recompensa correspondente. O senhor chama o servo de bom e fiel e chama para entrar em sua alegria. Deus também reconhece a fidelidade de seus filhos chamando-os para entrar na alegria que é entrar na Vida que goza o Senhor, isto é, a participação dos bens divinos. Mesmo que os dons pareçam poucos, a meta é multiplicar. Quem não vive os próprios dons, tem medo de Deus. Não tem onde se escorar. A quem produz, mais ainda será confiado (Mt 25 29). Quem não rende perde o que já tem. Quer dizer que, não crescer é diminuir. Qual é esse talento ou dom que Deus dá? É o Espírito Santo. O Espírito não se conta por medidas, mas por totalidade. Vemos também que todos temos muitos dons que nos foram prodigalizados pela natureza e pela graça. Esses dons nos foram confiados para que possamos fazê-los produzir fruto e se desenvolverem. Os dons, quando são colocados em ação, se desenvolvem. Quando não, perdem a força. Os dons são dados para o bem de todos. Notamos que, quando deixamos de por nossos dons a serviço, ficamos mais fracos e perdemos o ânimo. Por isso rezemos: “Nossa alegria consista em Vos servir de todo o coração” (oração). 
A mulher forte 
A liturgia escolhe, para comentar o evangelho dos talentos, o belíssimo texto sobre a mulher forte que podemos ler completo no livro dos Provérbios (31,10-31). Lê-lo texto em hebraico é uma poesia alfabética. Cada frase se inicia com uma letra do alfabeto. Está a ensinar que em todas as letras sempre podemos fazer o bem. Lembramos nossas mulheres corajosas que vencem. Lembramos os homens batalhadores que não se entregam mesmo nos sofrimentos com as vidas repletas de bens. Paulo insiste que o valor “é a fé agindo pela caridade” (Gl 5,6). Rezamos na liturgia: “Concedei-nos ó Deus, possa a Eucaristia que Ele mandou celebrar em sua memória, fazer-nos crescer em caridade” (Pós-Comunhão).
Filhos da luz 
A vigilância não é uma ameaça, mas abertura à vida plena. Paulo nos convida a sermos filhos da luz: “Vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas” (1Ts 5,5) . Por isso podemos vigiar. Temos a visão na luz e podemos ver claro os acontecimentos da vida. A parábola é um estímulo a crescer e a produzir frutos. Não se trata de um pragmatismo econômico no acúmulo de bens espirituais, mas no crescimento interior para chegarmos à estatura de Cristo (Ef 4,13). Desse modo viveremos a alegria completa (oração) na recompensa de uma eternidade feliz, por termos servido a Deus na caridade, como a mulher forte que abriu as mãos aos necessitados e as estendeu aos pobres (Pr 31,20). A comunhão que recebemos é um tesouro que nos é dado para ser multiplicado. Cada missa é um dom. Cada dom um compromisso.
Leituras: Provérbios 31.10-13.19-20.30-31; 
Salmo 127;
1Tessalonicenses 5,1-6; Mateus 25,14-30 
1. Na parábola dos talentos, como da vinha, temos o verbo confiar para produzir fruto. Isto é a vigilância. O senhor recompensa os que multiplicam o patrimônio e convida a entrar em sua alegria. Para Deus que dá os dons é o convite a participar de sua vida. Quem não produz fruto perde. O dom de Deus é o Espírito Santo. Temos dons da natureza e da graça para servir. Alegria de servir. 
2. A liturgia usa o texto da mulher forte para exemplificar a parábola. É uma poesia alfabética. Cada letra é um dom. Lembramos os homens e mulheres batalhadores. Concedei-nos crescer em caridade. Fé agindo pela caridade. 
3. Vigilância não é uma ameaça, mas abertura à vida. Por isso não somos das trevas, mas da luz. Podemos vigiar. A parábola é estímulo para crescer e produzir frutos, não acumular, mas crescer é crescer em Cristo. A comunhão é um tesouro a ser multiplicado. Cada missa é um dom. Cada dom, um compromisso. 
Preguiçoso não entra 
Jesus, ao explicar o Reino, diz que cada um recebe um dom que o chama de talento (talento é um nome de um dinheiro caro). Faz a comparação com o bom uso para render. Um recebeu 5, o outro 2 e o outro 1. Os dois primeiros aplicaram e duplicaram o dinheiro. O que tinha um, preguiçosamente guardou e não quis fazer o pouco render. Aí conhecemos o resultado. Os que renderam foram premiados. O que não rendeu foi condenado. Quer dizer: para entrar no Reino de Deus é preciso fazer render os dons que temos. Primeiro temos que saber quais os dons que temos. Depois fazer render. Tem muito vagabundo no Reino de Deus que vai ser colocado fora porque não fez nada, quando devia ter feito alguma coisa. Vagabundo não entra. A primeira leitura mostra como a mãe de família é capaz de produzir frutos pela disposição de fazer o que precisa e até mais. Assim é nosso bom povo. 
Homilia do 33º Domingo Comum (13.11.2011)

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