segunda-feira, 8 de maio de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “A Palavra de Deus é viva”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Que devo fazer?
Os evangelhos nos encantam. Jesus era a grande surpresa que o Pai nos fez e, Ele mesmo está sempre a nos surpreender. Sempre nos encanta. No evangelho de Marcos (10,17-30) contemplamos a cena do jovem rico. Ele se deixa encantar por Jesus e se dispõe a seguí-lo: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (17). Jesus lhe propõe o caminho dos mandamentos, assim chamados, da “segunda tábua” (lembre-se de Moisés com as duas tábuas da lei) que se referem ao relacionamento com as pessoas: não matarás...etc... “Tudo isto tenho praticado desde a juventude”, diz o homem (20). “Jesus olhou para ele com amor” (21). Ele gostou do moço que tinha tanta boa vontade. Deus vê o que há de bom em nós. O afeto fazia parte da pregação de Jesus. Sabia amar e manifestar o amor. Vai adiante e propõe a perfeição: “Se queres ser perfeito” ... Jesus propõe-lhe seis passos: vai, vende tudo, dá aos pobres, terás um tesouro no céu, vem e segue-me! (21). Ele se afastou triste, pois tinha muitos bens. Para seguir Jesus é preciso deixar tudo. Jesus comenta: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus” (23). Os apóstolos assustam-se com a frase. “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus” (27). O Evangelho não é igual para todos? Se bastarem os mandamentos para se salvar, o que acrescenta a perfeição? Perfeição é passar da Antiga Aliança para Jesus que é a novidade e que convida a deixar tudo e seguí-lo. Ele não diz isso ao apóstolo, mas a todo discípulo. Esta é a verdadeira sabedoria (Sb.7,7-11) que vale mais que tudo. Jesus é a Sabedoria. Seguí-lo é ter a vida, a perfeição. Pedro diz a Jesus que eles fizeram isso. E daí? Quem deu esse passo, vai ter cem vezes mais “com perseguições e, no mundo futuro, a vida eterna” (20).
Contando bem nossos dias 
Sustentados pela Palavra, acolhida com sabedoria, poderemos realizar em nossa vida o seguimento que Jesus nos propõe. Com a Sabedoria temos todas as coisas. É bom ser rico; melhor ser rico sábio. Impossível o rico se salvar? O ensinamento de Jesus não coloca a riqueza como um impedimento, mas como uma dificuldade. Contar bem os dias, como rezamos no salmo, é submeter nossas ações à opção que fazemos por Jesus, como pediu ao jovem rico. “Para Deus tudo é possível” (27), explica o evangelho, no respeito e bom relacionamento com as pessoas. Assim nossos dias serão densos de vida. Jesus não promete vida longa, mas dias plenos. Ele pergunta ao jovem pelos mandamentos. Ele já os pratica desde a juventude. Jesus propõe, então, a perfeição, a “primeira tábua”: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração...”. Pela opção por Jesus, realizamos o primeiro mandamento. Ele é a fonte. A segunda parte é o jorrar da fonte que está em nós. 
Saciai-nos com vosso amor 
Cantamos no salmo 89: “Saciai-nos com vosso amor e exultaremos de alegria... tornai fecundo o trabalho de nossas mãos!” (Sl 89,14.17). Estimulados pela Palavra, que é “viva e eficaz” (Hb 4,12), poderemos, com discernimento, usufruir as riquezas que a vida oferece. Ouvindo a sabedoria da Palavra seremos saciados pelo amor de Deus, aquele mesmo amor que Jesus manifestou ao moço de boa vontade. O amor de Deus, em nós, não é de palavras ou poético mas eficaz e pessoal. A riqueza material é uma bênção, mas não é sinal da bênção total, pois Jesus convida a sermos pobres. Na Eucaristia temos a Palavra que nos inspira e a Comunhão que nos faz perceber o mesmo olhar amoroso de Jesus.
Leituras:Sabedoria 7,7-11;Salmo 89; 
Hebreus 4,12-13; Marcos 10,17-30 
1. A cena do jovem rico é um caminho para a vida cristã: O homem se encanta com Jesus e pergunta pela vida eterna. Jesus propõe os mandamentos da “segunda tábua”. Tudo isso já faz. Jesus gostou dele. Joga mais longe e propõe a perfeição. É preciso deixar tudo para seguí-lo. Diante da reação negativa Jesus apresenta o mal da riqueza: bloqueia o seguimento. Existe, neste contraste os mandamentos e a perfeição, a passagem da Antiga à Nova Aliança que se realiza em Jesus que é a perfeição. Quem deixa tudo terá cem vezes mais, com perseguições e no futuro o Reino. 
2. Pelo acolhimento da Palavra podemos realizar o seguimento como Jesus propõe. Com a Sabedoria, temos todas as coisas. A riqueza não é um impedimento, mas uma dificuldade para acolher o Reino. Mas para Deus tudo é possível. Contar bem os dias é submeter nossas ações à opção que fazemos por Jesus. Assim, nossos dias serão densos de vida. A perfeição que Jesus propõe é a obediência do primeiro mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus”. É a fonte que jorra em nós. 
3. Estimulados pela Palavra, que é “viva e eficaz”, poderemos viver com discernimento as riquezas que a vida oferece. Ouvindo a Palavra seremos saciados pelo amor de Deus. A riqueza é uma bênção, mas não total, pois Jesus convida a sermos pobres. Na Eucaristia temos a palavra que nos inspira e a Comunhão que nos faz perceber o mesmo olhar amoroso de Jesus. 
Ter tudo e não ter nada 
Um moço rico, de boas qualidades e vida bonita diante de Deus, quer saber o que se faz para ser perfeito. Jesus diz: “Tu conheces os mandamento: não matarás, não cometerás adultério...”. Ele responde: “Tudo isso tenho observado desde minha juventude”. Jesus olhou para ele com amor e disse: “Se queres ser perfeito vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terá um tesouro nos céus. Depois vem e segue-me”. É a sabedoria de Jesus: Deixar tudo para ter mais. Só tenho tudo quando não tenho nada. Quem deixa tudo por Jesus tem cem vezes mais. Por que? Por que o pouco com Ele é tudo. Jesus acrescenta um detalhe que dá o tom: “com perseguições”. Aí danou! Quer dizer, vivendo como Ele viveu. Fazer como Jesus fazia e sofrer o que Ele sofria. Mas ganha a vida eterna já, isto é, tem Deus e tudo mais. É possível deixar tudo e ter tudo? É possível. Na lógica humana, não; para Deus tudo é possível. A Palavra de Deus vai orientar. Ela é eficaz e tudo penetra, até nossos pensamentos. 
Homilia do 28º Domingo do Tempo Comum (11.10.2009)

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