sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Correção fraterna para a vida”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Responsabilidade de todos
 
Jesus inaugurou entre nós o Reino de Deus. Os que aceitaram sua Pessoa e sua mensagem uniram-se em uma comunidade, chamada Igreja, Corpo de Cristo. Estavam sempre unidos, como narra Lucas nos Atos dos Apóstolos. Esta união realiza o desejo de Jesus: “Que eles sejam um como Tu, ó Pai, estás em mim e Eu em Ti e eles estejam em nós, para que o mundo creia que Tu me enviaste” (Jo 17, 21). A Igreja é a união de todos em Cristo para tornar visível a presença do Reino e anunciá-lo. Lemos hoje um trecho do 4º discurso de Mateus, sobre a Igreja. A Igreja. Divina em sua origem, não perde a dimensão humana. E por ser humana, está sujeita ao erro, ao pecado. Por isso o evangelista apresenta algumas regras para a convivência na comunidade que vão até ao perdão com o coração. A comunidade é organizada. Todos participam e são responsáveis pela vida, uns dos outros. A santidade do Corpo depende de todos. A santidade começa pelo irmão. Por isso, a Palavra de Deus indica o caminho da vida: “Se alguém pecar contra o irmão, vai corrigí-lo a sós contigo” (Mt 18,15). Não se trata somente de um ato de boa vontade, mas de um dever diante da vida de Cristo em nós. Cada um é colocado como profeta que vigia sobre a cidade de Deus. O profeta Ezequiel explica que esta responsabilidade de admoestar e de avisar recai sobre cada um (Ez 33,7-9). E seremos culpados se não exercermos esse dever. Jesus mostra o processo desta missão: primeiramente a sós, discretamente, na caridade para com o outro. Se não ouvir, leve junto outro irmão, como prescreve a Palavra de Deus (Dt 19,15). Se nem assim ouvir, leve-o à comunidade. Se nem a essa ouvir, seja desligado. É dado à Igreja o poder de ligar e de desligar da vida da comunidade. Nós fazemos sempre o contrário, sem a caridade. Fazemos a fofoca e não a caridade. Por que todo esse processo? Jesus explica: “Se ele te ouvir, ganhaste teu irmão” (Mt 18,15). Interessa a salvação de cada irmão. 
Amor de comunhão 
A correção fraterna salva a unidade do Corpo de Cristo, pois é obra do amor, e cria espaço para a oração. Quem sabe, a ineficácia de nossa oração venha da má vontade de estar unido. A comunhão de amor garante o resultado da oração. Jesus ensina: “Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus” (Mt 18,19). Por isso Paulo insiste: “Os mandamentos ... se resumem neste: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. O amor é o cumprimento perfeito da Lei” (Rm 13,9-10) . Amor é o resumo da lei. A correção fraterna é instrumento da expressão do amor de redenção que Cristo teve em sua entrega pela nossa redenção. Como Ele exerceu a co-responsabilidade pela nossa redenção, nós a continuamos procurando a salvação de nossos irmãos. 
Presença de Jesus na comunidade. 
Jesus está presente na comunidade. Ele mesmo dissera: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Esta presença não é só eucarística, mas a presença no amor que os irmãos têm entre si. Disse também: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estou aí, no meio deles” (Mt 18,20). A presença de Cristo fortalece de tal modo a comunidade que suas atividades são feitas sempre nEle. Toda a celebração é completa, pois tem sua presença. Quando os fiéis se unem para qualquer atividade que seja amor, ali está Ele e, ali, se constitui a Igreja. Ali nos dá seu Espírito e torna presente seu Reino. Ali se exerce a correção fraterna para o bem de todo o Corpo de Cristo no irmão. 
Leituras:Ezequiel 33,79; Salmo 94;
Romanos 13,8-10; Mateus 18,15-20 
1. Jesus rezou ao Pai pela união dos discípulos. Esta união é a primeira evangelização, pois torna presente o Reino e o anuncia. Refletimos o discurso de Mateus sobre a Igreja no qual dá regras para a convivência na comunidade, no que se refere ao perdão. Ela vive também a condição humana. Mateus explica como fazer a correção fraterna, que é um dever diante da vida de Cristo em nós. É um processo que respeita a pessoa que aceita a correção. Se não aceita seja corrigido na comunidade. Nós vamos do público ao particular. O que devemos procurar é a salvação do irmão. 
2. A correção fraterna salva a unidade do Corpo de Cristo, pois é obra do amor, e cria espaço para a oração. Aos que estão unidos no amor, Jesus promete sua presença. A correção fraterna está unida à entrega de Cristo para nossa Redenção. Ele exercer sua co-responsabilidade para conosco. Nós a continuamos. 
3. Jesus está presente na comunidade, além da Eucaristia, na reunião dos irmãos.Tudo è feito nEle. Quando estão unidos, ali existe a Igreja, nos é dado o Espírito e se torna presente o Reino. 
Jesus é um intrometido? 
O amor não faz mal e quem ama cumpriu tudo o que Deus espera de nós, pois é a perfeição da Lei. Amor não é um afago do coração. É também intrometer-se na vida dos outros, quando estão errados. A gente diz: É problema dele! Se eu não o advirto, torno-me culpado como ele. A caridade exige que salvemos o irmão. Difícil isso, pois as pessoas não gostam de ser chamadas à atenção. A gente prefere falar mal, espalhar a fofoca e não dizer à pessoa. Há um modo de se fazer: primeiro falar com a pessoa. Se não escuta, chamar mais um para tratar do assunto. Se não escuta, levar à comunidade. Se nem a ela escuta, então seja desligado. E isso em nome de Deus. A união de dois ou três tem uma garantia: a presença de Jesus. Ele não é intrometido. Ele gosta de participar de nossas coisas. 
Homilia do 23º Domingo do Tempo Comum(07.09.2008)

Nenhum comentário:

Postar um comentário