terça-feira, 8 de novembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Este é meu Filho amado, escutai-o!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Ele se transfigurou diante deles
 
Celebrando o sacramento da Quaresma, nós nos preparamos para a Páscoa do Senhor. Nela participaremos de sua glória, ainda sob a nuvem da esperança. Os que serão batizados serão transfigurados, revestindo-se de Cristo. A colocação desse texto da transfiguração de Jesus no início da Quaresma convida-nos a ouvir o Filho para sermos transfigurados com Ele. Com Ele percorreremos o caminho do deserto, passaremos por sua Paixão para chegar com Ele à Glória. Assim rezamos na oração pós-comunhão: “Vós nos concedeis participar das coisas do céu”. Antes da glória da Ressurreição, Jesus passa pela dor da Paixão e da Cruz. Pelo sofrimento chega à glorificação. A transfiguração não se reduz a fenômenos esplendorosos, mas é também uma caminhada de fé, como ocorre em Abraão. Há muitos elementos ricos neste texto: Jesus tem três testemunhas do fato, o que dá garantia de sua veracidade. Ele sobe uma alta montanha, o Monte Tabor. A montanha é o lugar do encontro com Deus, como no Sinai. Ali estiveram Moisés e Elias. Esses dois grandes do povo foram levados ao Céu de modo misterioso. Estão na Glória. Isso mostra que Jesus está com eles na Glória. Eles estão a significar que Jesus cumpre a Lei e os Profetas. É uma teofania, visão de Deus. Entram na nuvem: Ela é sinal da presença de Deus. Jesus está na esfera de Deus. Ele é Deus. Da nuvem sai uma voz que diz: “Este é meu Filho Amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o!” (Mt 17,5). Como no Batismo, Jesus é apresentado pelo Pai. Ele indica sua missão de profeta. Ele é a Palavra viva do Pai. Tudo isso vai acontecer na vida do discípulo na medida em que ouve a Palavra e põe em prática. Percorrendo com Cristo a Paixão, tem certeza de encontrar a Ressurreição, que já vem demonstrada na transfiguração. A meta de cada homem é transfigurar-se: Quando Ele vier seremos iguais a Ele (1Jo 3,2). Os discípulos não podem comunicar essa visão, pois ela só se esclarece após a ressurreição. 
Deus nos chamou a uma vocação santa 
A meta da vida cristã é a transfiguração em Cristo. Vivemos como Cristo sob a nuvem. Ela é símbolo da presença de Deus na qual devemos viver, pois para isso fomos chamados, como escreve Paulo a Timóteo: “Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa” (2Tm 1,9). Essa vocação santa é o chamado contínuo a participar da manifestação de Cristo em seu mistério de redenção e glorificação. A transfiguração será sempre para nós uma vocação, pois já a recebemos no batismo. Naquele dia nós vestimos a roupa branca que é sinal de nossa transfiguração com Cristo, na graça batismal. À medida que ouvimos o Filho, estamos em condições de nos transfigurar, pois Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho (2Tm 1,10).
Sai de tua terra 
A primeira leitura traz-nos a vocação de Abraão. Paulo confirma esse tema ao dizer que “Deus... chamou-nos a uma vocação santa...não devido a nossas obras, mas em virtude da sua graça” (2Tm 1,9). Somos chamados por graça, como Abraão, a deixar tudo por Cristo. Abraão é chamado a ser uma bênção através de uma descendência. É um novo povo. Jesus é sua descendência. Nós, acolhendo a palavra de Jesus podemos chegar à transfiguração e assim seremos uma bênção. Vocação não é algo para mim, mas um dom dado a todo povo através de nós que a acolhemos. 
Leituras: Gênesis 12,1-4; Salmo 32; 2 
Timóteo 1,8b-10; Mateus 17,1-9. 
1. Na Quaresma nós nos preparamos para a Páscoa. Participaremos da glória de Cristo. Esta transfiguração acontece no Batismo, no qual nós somos revestidos de Cristo. Percorremos seu caminho da Paixão. Jesus, antes de sofrer, se manifesta aos discípulos, na Glória, com Moisés e Elias. A montanha é o lugar do encontro com Deus. A nuvem, sua presença. O Pai convida a ouvir o Filho Amado. O discípulo, que ouve a Palavra do Filho, caminha para a transfiguração que acontece na ressurreição. 
2. Somos chamados a essa santa vocação, por graça de Deus como aconteceu a Abraão. Essa vocação, é o chamado a participar do mistério da glorificação, a ressurreição de Jesus. Essa vocação nós a recebemos no Batismo, simbolizado na veste branca. Cristo não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade. 
3. Abraão é chamado por Deus, por graça, a deixar tudo e ir para uma terra que Deus iria indicar. Nós, acolhendo a palavra de Jesus, podemos chegar à transfiguração. Nós teremos uma descendência na fé e seremos uma bênção. 
Clic divino
Jesus, na alta montanha, se transfigura diante dos discípulos. Por que esse evangelho tão maravilhoso no começo da Quaresma? Não falamos domingo passado do pecado, da tentação, da fragilidade? Por um lado, o pecado, por outro, temos também a vitória de Jesus que nos mostra toda a fortaleza e força divina que pode agir em nós: transfiguração. Jesus mostra aos discípulos que sua paixão e morte levam à ressurreição. Nós, se vencermos, seremos transformados como Ele. Seremos transformados se ouvirmos sua Palavra. O Pai diz: Este é meu Filho amado, ouvi-o! 
Homilia do 2º Domingo da Quaresma
EM FEVEREIRO DE 2008

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