Africanus, presidiu o sínodo de 494 em que foi redigido o decreto que leva o seu nome e que distingue os livros revelados aceitos pela Igreja Católica daqueles considerados apócrifos.
Martirológio Romano: Em Roma, junto a São Pedro, São Gelásio I, papa, que, distinguindo-se pela doutrina e santidade, a fim de evitar que a autoridade imperial prejudicasse a unidade da Igreja, ilustrou com verdadeira profundidade de análise as prerrogativas da dois poderes, temporal e espiritual, apoiando a necessidade de liberdade mútua; movido por sua grande caridade e pelas necessidades dos pobres, ele mesmo morreu muito pobre para ajudar os pobres.
Ele é um ferrenho defensor da fé e um tenaz mestre da doutrina. Originalmente da África romana, mas romano em espírito ("sicut romanus natus", ele escreve sobre si mesmo), Gelásio ("aquele que zomba", do grego) sobe ao trono papal enquanto a dominação estrangeira muda na Itália: Teodorico de fato inaugura - com o massacre de Odoacro e sua família - seu reinado, que será de trinta anos.
Além da peste e da fome, naqueles anos Roma também foi abalada por um fenômeno extravagante - e polêmica relacionada. Aqui está qual. Aos pés do Monte Palatino ainda existe a caverna escura que a lenda identificou como o lugar de Rômulo e Remo amamentados pela loba: a festa do lupercali que é celebrada todos os anos em homenagem à amamentação de Rômulo e Remo degenera cada vez mais, até se tornarem verdadeiras orgias. Os predecessores de Gelásio já protestaram contra esta última superstição pagã, mas sem sucesso. Em vez disso, a plebe, mas também apoiada por alguns senadores, argumentou que as catástrofes ocorridas em Roma se deviam ao abandono do antigo culto propiciatório. Mas aqui Gelásio tem sucesso onde nenhum Papa conseguiu: com doutrina e precisão ele escreve um tratado imponente e inatacável contra essa crença,
A mesma firmeza o Pontífice demonstra com os imperadores e patriarcas orientais na questão do cisma de Acácio e contra o "Henótico".
Mantém relações de colaboração com Teodorico e com os imperadores do Oriente, partindo porém da indiscutível assunção da primazia romana. Numa carta ao imperador Anastácio I estabelece de forma inequívoca a distinção entre os dois poderes de origem divina: a autoridade dos Papas e a dos Reis, cada um independente na sua esfera, contudo, sublinha Gelásio I, a supremacia absoluta pertence a um a quem Cristo encarregou de tudo e de todos, reconhecidos como tais pela Igreja.
Em seus quatro anos de pontificado, Gelásio enfraquece e anula os últimos resquícios do paganismo, amortece definitivamente o maniqueísmo em Roma e o pelagianismo que voltou aqui e ali, no Piceno e na Dalmácia. Ele escreve seis tratados teológicos contra o monofisismo e o próprio pelagianismo, e depois muitas cartas. As suas fórmulas litúrgicas estão na origem do «Sacramentário Gelasiano», e vários dos seus princípios em matéria eclesiástica tornar-se-ão pontos firmes de Direito Canónico, e serão também inseridos na constituição dogmática do Concílio Vaticano II.
Após sua morte, ele será enterrado na Basílica de São Pedro.
Autor: Domenico Agasso Jr.
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