Evangelho segundo São Lucas 11,37-41.
Naquele tempo, depois de Jesus ter falado, um fariseu convidou-O para comer em sua casa. Jesus entrou e tomou lugar à mesa.
O fariseu admirou-se, ao ver que Ele não tinha feito as abluções antes de comer.
Disse-lhe o Senhor: «Vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade.
Insensatos! Quem fez o interior não fez também o exterior?
Dai antes de esmola o que está dentro e tudo para vós ficará limpo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de S. Lucas,7,100-102
«Quem fez o interior não fez também o exterior?»
«Vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato». Como vedes, os nossos corpos são aqui designados por nomes de objetos frágeis e feitos de barro, que se partem com uma simples queda. E os sentimentos íntimos da alma são designados por expressões e gestos do corpo, da mesma maneira que aquilo que está no interior do copo pode ser visto do exterior. Não é o exterior deste copo e deste prato que nos mancha, é o seu interior.
Como bom mestre que é, Jesus ensina-nos a limpar as manchas do corpo, dizendo: «Dai antes de esmola o que estará dentro e tudo para vós ficará limpo». Vedes de quantos remédios dispomos? A misericórdia purifica-nos. A palavra de Deus também nos purifica, como está escrito: «Vós estais limpos, devido à palavra que vos tenho dirigido» (Jo 15,3). O Senhor convida-nos a procurar a simplicidade, e condena a nossa ligação àquilo que é supérfluo e terra-a-terra. Os fariseus, que interpretam materialmente as questões da Lei, são comparados ao copo e ao prato devido à sua fragilidade: observam pontos que não têm qualquer utilidade para os homens, negligenciando aqueles onde se encontra o fruto da nossa esperança. Cometem, pois, uma grande falta, desdenhando o melhor. E, contudo, até a essa falta é prometido o perdão, se for seguida da misericórdia e da esmola.
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