quinta-feira, 15 de setembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “O bom testemunho da fé”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Uma fé vigilante
 
No caminho para Jerusalém, Jesus continua a instrução dos discípulos. Reflete com eles sobre o uso dos bens e sobre a confiança. Jesus explicou o grande valor da confiança em Deus (Lc 12,32-48): Se o Pai veste e cuida das flores e dos pássaros, que são tão belos e vivem felizes, quanto mais de nós! Não precisamos nos preocupar nem ter medo, pois o Pai nos dará muito mais, o Reino. Nele deve estar nosso coração, pois é nosso tesouro (Lc 12,22-34). A fé exige despojamento para colocar no Reino nossa riqueza. O uso dos bens se faz pela caridade para que a vida seja boa para todos. Nada de cobiça e acúmulo desnecessário! Com nossos bens compramos o “tesouro” (Lc 12,32-34). Lembremo-nos da parábola do tesouro e da pérola pelos quais vale perder tudo (Mt 13,44-45). A atitude de confiança e entrega nas mãos do Pai leva-nos a estar vigilantes, quer dizer, não perder a direção de nossa escolha. A carta aos Hebreus (11,1-40) descreve como os antepassados viveram pela fé e por ela regularam suas vidas. A fé conduz a atitudes coerentes. Ela era uma força interior que os animava, mesmo sem terem chegado a conquistar a realização das promessas. A fé nos convida à vigilância, esperando o Senhor chegar a qualquer momento (Lc 12,35). Quem espera está pronto: “com os rins cingidos e as lâmpadas acesas”. A vigilância tem como fruto a comunhão com o Senhor. “Ele próprio nos fará sentar à mesa e nos servirá” pois a Sabedoria nos preparou um banquete (Pr 9,1-6). A fé vigilante espera a cada momento o Senhor. A abertura ao encontro com Deus não é um medo de um final perigoso, mas é um presente como tempo oportuno, o hoje de Deus. 
A unidade na mesma fé 
A Palavra do livro da Sabedoria relata que os sofredores se uniram, fizeram uma aliança entre si, ofereceram sacrifícios e puseram seus bens em comum. Assim, mesmo sofrendo, já cantavam as vitórias de Deus (Sb 18,6-9). A fé os fortaleceu, pois tinham esperança na ação de Deus. Os antepassados foram capazes de caminhar, não só espiritualmente, mas também fisicamente, sem chegar à realização da promessa. Buscavam uma cidade que estava por vir, como Abraão (Hb 11,10); Moisés caminhava como se visse o invisível (27). Tantos justos perseguidos viviam escondidos nas tocas e desertos, eles, de quem o mundo não era digno, uniram-se em torno da mesma fé (36-38). Unidos fortaleceram sua fé e decisão pelo que esperavam. A fé nos une, pela caridade, em um único corpo que espera vigilante a vinda do Senhor. 
Muito será exigido dos responsáveis 
A Palavra do Evangelho continua a explicitar a responsabilidade dos que dirigem o povo de Deus. Pedro pergunta se a parábola se refere a eles também. Jesus afirma maior responsabilidade e conclui dizendo que “a quem muito foi dado, muito será pedido. A quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc 12,41.48). Essa Palavra aprova os bons administradores do povo de Deus e convoca a uma atitude de vigilância muito maior, pois a ele foi confiada a guarda do povo de Deus. Por essas palavras entendemos que o apóstolo, e todo aquele que tem responsabilidade sobre o povo de Deus, deve ser um homem ou mulher de fé coerente e arrojada. As palavras de Jesus, não tenhais medo, referem-se também a eles. Não é possível conduzir o povo sem uma santidade consistente e arrojada. A fé celebra a Eucaristia para viver na aliança com Deus e entre si, para suportar os sofrimentos e estar pronto para o momento que o Senhor chegar. 
Leituras: Sabedoria 18,6-9; Salmo32; 
Hebreus 11,1-2.8-12; Lucas 12,32-48 
1. Jesus instrui os discípulos. Fala-lhes sobre o uso dos bens e da confiança. Orienta-nos a ter confiança, pois nos dará o Reino, nosso tesouro. O caminho da fé exige despojamento para por no Reino nossa riqueza. A confiança exige de nós a vigilância, isto é, não perder a direção de nossa escolha. O Senhor pode chegar a qualquer momento. Quem vigia tem os rins cingidos e as lâmpadas acesas, sempre pronto. Ele, quando chegar, vai nos introduzir em sua comunhão. 
2. O livro da Sabedoria relata os antepassados perseguidos que se uniram em uma aliança, ofereceram sacrifícios secretamente e fizeram uma vida comum. Podiam já cantar as vitórias de Deus. A fé os fortaleceu, pois tinham esperança na ação de Deus. É necessária a união na fé. 
3. A Palavra de Deus confere ao servidor do Senhor uma responsabilidade maior, pois a quem muito foi dado, muito será exigido. Ela convoca assim a uma atitude de vigilância exata, pois não é possível dirigir o povo sem uma santidade consistente e arrojada. 
Dormindo com um olho aberto 
Jesus insiste na vigilância. É preciso estar atento porque o Senhor pode chegar de um momento para o outro. Não que vivamos com medo de um possível castigo ou uma chamada de atenção. Estamos atentos, mas descansados. Todos somos responsáveis por alguma coisa, por nós mesmos, pelos dons que recebemos, pelas pessoas. Deus espera de nós que tenhamos responsabilidade e não nos deixemos levar por interesses pessoais. Como exercer a responsabilidade? Mesmo que sejamos poucos e fracos, o Reino é nosso, pois assim quer o Pai. Estar atento é não se apegar aos bens, mas capitalizar no Céu. Onde está vosso tesouro aí estará vosso coração. 
Homilia 19º Domingo do Tempo Comum
EM AGOSTO DE 2007

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