domingo, 8 de maio de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Quem permanece em mim, esse dá muito fruto”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA CONSAGRADO
SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR
Permanecei em mim
 
A Ressurreição é um fato incontestável para os discípulos. A comunidade vai lentamente compreendendo que a ressurreição se realiza na comunidade e em cada um. Ela não é somente um fato que ocorreu com Cristo, mas se refere também a nós. E nós a vivemos na fé. O evangelista João explica que a fé em Jesus ressuscitado tem ressonância na vida. Para explicar essa verdade, usa a comparação da árvore e seus ramos. Somos enxertados em Cristo. Somos como o ramo que faz parte da planta e vive de sua seiva uma vez que está unido ao tronco. Trata-se de uma vida que se recebe. As palavras e ações de Jesus conduziam sempre para essa união vital com Ele para a glória do Pai. A vida de Cristo produz em nós os mesmos frutos que produziu nEle: amor, fruto primeiro. Sua vida foi um contínuo ato de amor que culminou na Cruz, na doação total. Em sua primeira carta, João diz que: “Não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade”. Aí está o critério para saber que somos da verdade e para sossegar nosso coração (1 Jo 3,18-19). Amar com ações como Ele fez e de verdade. O resultado é o amor. A certeza de que permanecemos unidos a Ele está em guardar seus mandamentos: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, e nos amemos uns aos outros. Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele” (1Jo 3,23-24). 
Permanecer é produzir frutos 
A glória e alegria do Pai é que produzamos fruto. Praticar o mandamento de Deus é crer em Jesus e viver o amor. Esse amor se transforma em atitudes de conversão e ação na comunidade como vemos em Paulo que, convertido, prega o Evangelho em Jerusalém onde fora um perseguidor. Em Paulo, a força da Ressurreição se manifesta na conversão e na pregação. Também nós temos a mesma força da Ressurreição. Mas infelizmente, nossas comunidades não foram catequizadas sobre a Ressurreição. Podemos ver isso na Semana Santa: para a maioria, ela termina na Sexta-Feira Santa com a procissão do Senhor Morto. Entendemos a morte, mas pouco a Ressurreição, sem a qual a morte de Cristo perde o sentido. Se Cristo não tivesse ressuscitado, escreve Paulo, vã seria a nossa fé. Em nossas comunidades é bom alertar para duas verdades: a Ressurreição dá-nos a vida em Cristo e por ela edificamos a comunidade pelo amor e pelo testemunho. Vida cristã não é uma economia capitalista de bens espirituais, mas é a economia evangélica: doar-se para multiplicar-se. Paulo é o modelo: acolheu Cristo em sua vida e produziu frutos nas comunidades por uma intensa obra de pregação e dedicação ao Evangelho. 
A força de Cristo em nós 
Permanecer em Cristo é, para nós, um contínuo crescimento que se faz pela energia divina e pelas podas que Deus faz em nós, tirando os ramos secos e infrutíferos. As podas de Deus podem, no momento, ser dolorosas, mas depois vemos os resultados. Sem podas, perdemos a abundância dos frutos. Não se trata só de sofrimentos. Temos também grandes vantagens. Vejamos como escreve João: Qualquer coisa que pedimos recebemos dEle, porque guardamos os seus mandamentos (1Jo 3,18-24). Jesus mesmo disse: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos” (Jo 15,7-8) 
Leituras: Atos 9,26-31; Salmo 21; 
Jo 3,18-24; João 15,1-8. 
1. A Ressurreição acontece também na comunidade e em cada um. Para explicar esse fato, Jesus usa a comparação da árvore e dos ramos. Como o ramo permanece vivo porque unido ao tronco, assim nós vivemos a vida de Deus se permanecemos unidos a Cristo e produzimos frutos. O amor é o primeiro fruto; É a vida que corre entre o troco e os ramos. Permanecer é guardar os mandamentos: crer em Jesus e amar os irmãos. 
2. A fé e o amor produzem frutos em nós. Pela conversão, como ocorreu com Paulo, nós nos unimos a Cristo e O anunciamos. Dentro desse pensamento devemos renovar a pregação sobre a Ressurreição, pois o povo de Deus fixou-se muito na devoção à Paixão. Viver no amor multiplica nossa vida. 
3. Permanecer em Cristo é sofrer podas para produzir mais frutos. Mas é garantia também de que nossa oração será ouvida. Jesus mesmo disse: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos” (Jo 15,7-8)
Quebrando galho! 
Jesus era mesmo um poeta. Com uma historinha explicava tudo. Que significa estar unido a Deus? Diz: como o ramo que vive ligado à árvore e tem a mesma vida. Fácil. Uma laranjeira não dá abacaxi. Somos galhos de Deus, a seiva de Deus passa nós e produzimos frutos, que vêm dEle. Fazemos o que Jesus quer. Se o galho não deixa a vida correr, (Vich!) seca e vai para o fogo! De vez em quando, para produzir mais fruto, Ele faz a poda. Dói, mas sara. É uma plástica total. Segredo! Não contem! Se ficamos unidos a Ele: tchã tchã tchã...Tudo que pedirmos a Deus Ele vai dar! Legal! Tudo. Sim tudo. Em tempo: essa vida que corre em Deus e da qual participamos se chama: A M O RRRRRRR
Homilia do 5º Domingo da Páscoa
EM MAIO DE 2006

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