sexta-feira, 6 de maio de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu sou o bom Pastor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA CONSAGRADO
SACERDOTE NA PAZ DE DEUS
Um pastor por inteiro
 
Os evangelhos foram escritos para as comunidades cristãs que necessitavam de formação e já enfrentavam problemas. Eram comunidades que tinham ligação com o apóstolo João, como podemos ler no Apocalipse. Estavam rodeadas de deuses e filosofias atrativas. Cristo poderia aparecer um a mais, pior ainda, um que morrera de modo infame. Os cristãos tinham vindo desse mundo há poucos dias. Essa parábola do bom pastor vem a calhar bem nesse contexto. Ela mostra Jesus como Aquele que está vivo: “ninguém tira a minha vida. Eu tenho poder de entregá-la e recebê-la novamente” (Jo 10,18). A certeza da Ressurreição sustenta a fé. Pedro afirma em seu discurso: “A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação. Não há outro nome pela qual possamos ser salvos” (At 4,11-12). O pastor não é somente um dirigente. Trata-se de vida e de um conhecimento como Deus conhece. Jesus é o bom pastor que conhece as ovelhas e dá sua vida por elas. O conhecimento passa do nível intelectual à união de pessoas, como o conhecimento existente entre Ele e o Pai. Há uma união de vida, como João explica no verbo permanecer, que é unir-se na mesma vida. A figura do pastor está presente em toda a experiência de Israel. O pastor vive com o rebanho o tempo todo, tanto para conduzir como para defender.
Comunidade hoje 
Vivemos em um mundo de muitos ídolos e idolatrias. Para muitos Jesus não é um pessoa nem fundamento mas é uma boa ideologia. A própria Igreja corre o risco de misturar as ideologias com a fé. Como Ele dá a vida, também somos chamados a dar-nos totalmente a Ele e viver a partir dEle. Não é um fundamentalismo, mas tê-lo como fundamento e ponto de partida para a vida. É certo que temos que viver o Evangelho hoje. Inútil querer buscar só no passado a explicação da fé como só o passado fosse bom. A verdade é uma só, mas a compreensão depende do momento em que vivemos. O passado, um dia, foi presente. Temos o presente em Jesus e as respostas que temos que dar são para hoje. Por isso ao cristão é necessária a inventiva para procurar caminhos novos. Temos diante de nós um mundo pagão. Não é Jesus que fará o único redil. Vai fazê-lo através de nós. A grande família de Deus, que vive sua vida, é colocada como sinal fulgurante para atrair para Jesus. Ele está unida ao Bom Pastor. 
Ovelhas, sim, filhos, melhor
Por mais simpática que seja a figura da ovelha, o nome de filhos combina mais com nossa realidade. João, em sua primeira carta diz claramente que “somos chamados filhos de Deus e nós o somos” (1Jo 3,1). O mundo pode não nos conhecer, porque não conhece a Deus (1). Sendo filhos participamos de Sua vida, somos conhecidos e amados por Deus e O conhecemos e O amamos, tendo sempre como fundamento Jesus Cristo. Desde já participamos de Seu rebanho, de Sua família e Sua vida. Por isso somos lançados para frente, como reza a oração: “conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor”. Toda a celebração do tempo pascal quer nos estimular a conhecer Jesus. Nossa comunidade sofre os mesmos males das comunidades de João. Por isso coloquemos Jesus sempre mais como fundamento de nossa fé e vida, mas sintamos também as alegrais de conhece-lO e estar unidos a Ele.
Leituras: Atos 4,8-12; Salmo117;
 1 João 3,1-2; João 10,11-18. 
Ficha nº 498 - Homilia do 4º Domingo da Páscoa (07.05.06)
1. O evangelista João escreve às comunidades para confortá-las e instruí-las no conhecimento de Jesus como o Bom Pastor. Ele dá vida e conhece suas ovelhas. Dá a participar de Sua vida e estabelece o conhecimento mútuo, como Ele e o Pai se conhecem. Nele está o fundamento para a salvação.
2. Vivemos hoje as mesmas dificuldades das comunidades de João. Corre-se o risco de ter Jesus como uma ideia e não como uma pessoa que é o fundamento. Para viver essa verdade e anunciá-la, temos que usar a linguagem de hoje para maior compreensão. A gente tem a missão de anunciar com inventiva. 
3. Somos ovelhas, melhor, filhos. Participamos de Sua vida e Sua família. Ele nos estimula a segui-lo para chegar às alegrias celestes para que todos possam atingir, apesar de fraqueza a fortaleza do Pastor (Oração) 
Carneirinho, carneirão
Jesus tinha um coração ecológico. Falava do Reino como se fosse uma fazenda. Ele é o dono. Dono não porque possui, mas por que dá. Dá tanta coisa: Dá a vida, dá amor, pois conhece os seus. Ele conhece cada um como o Pai O conhece. Esse seu conhecimento é amor. Ciumeeeento! Pois os defende com unhas e dentes. É mais forte que o animal predador, o lobo. Esse pastor investe e quer aumentar seu rebanho. Em um mundo de tanta divisão, também religiosa, Ele quer dar a todos um presente: todos serem chamados filhos de Deus de nome e de fato (1Jo 3,1). A vida que Jesus dá pelos seus Lhe dá a ressurreição. A vida que damos, defendendo as ovelhas mais abandonadas, vai nos ressuscitar também. E com Ele.
Homilia do 4º Domingo da Páscoa
EM MAIO DE 2006

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