segunda-feira, 2 de maio de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “A comunidade do Ressuscitado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA CONSAGRADO
SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR
Felizes os que acreditaram sem ter visto
 
São Lucas vive num tempo já distante de Jesus no qual a fé passa por dificuldades para compreender Sua Ressurreição e aparições. Jesus parece se transformar em uma ideia. Ao narrar a incredulidade de Tomé, Lucas quer explicar que o Jesus ressuscitado é o mesmo que foi crucificado e continua vivo e presente na vida da comunidade. A fé se funda na pessoa de Cristo, morto e ressuscitado. Por isso Jesus o convida para tocar nas chagas e vê-lo vivo pela fé. Jesus aparece no domingo. É o dia do Senhor e da comunidade e das aparições de Jesus. Ele continua a se manifestar à comunidade. A ressurreição de Jesus não é uma questão pessoal. Ele é uma presença que dá o Espírito para a reconciliação: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados serão perdoados” (Jo 20,23-23). Sua presença estimula à missão de anúncio e testemunho: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (21). A situação da comunidade primitiva, em sua relação com o Ressuscitado, é a mesma nossa. Esta relação baseia-se na fé que produz os frutos no amor. A comunidade vivia em um amor que ia até à comunhão dos bens. João dá os fundamentos da vida da comunidade: nasce de Deus e se expressa no amor.
Comunidade do Ressuscitado 
A comunidade é fundamental para o projeto de redenção de Jesus, pois ela O continua. Por isso, João tem o cuidado em fundamentá-la bem. Explica à comunidade que a fé em Jesus dá a vida divina. A fé liga-se ao amor. Crer é amar. Amar não é só um sentimento mas acontece na prática da partilha e na solidariedade para com os irmãos. Vejamos que a Eucaristia ensina justamente a partir e repartir. Jesus está vivo e Sua vida gera e é vida da comunidade dos que foram salvos. Ele dá o Espírito na comunidade, pois, estando reunidos, “soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). A partir da comunidade envia em missão: “Assim como o Pai me enviou, eu vos envio” (21). A missão é a reconciliação com Deus para o perdão dos pecados e para a vida de amor na comunidade. A fé é concreta: Jesus não é uma idéia. É preciso ver para crer, como dizemos sobre Tomé. É preciso ver o testemunho dos cristão. Teremos então uma pregação seja confiável. 
A comunidade dos ressuscitados 
Desde os inícios da Igreja, sempre se procurou voltar ao ideal original: “a comunidade apostólica”. Cada grupo se dispunha a viver em comum, na partilha dos bens, na oração, na escuta da Palavra de Deus e na fraternidade. A comunidade atual é continuação da comunidade primitiva em todos os sentidos, mesmo necessitando de conversão. Ela corre o risco de deixar-se invadir pelas ideologias do mundo, em particular em questão dos bens. O individualismo leva os cristãos a perderem a força da comunidade que está na partilha. Os bens devem ser vistos à luz do Evangelho: “ser colocados aos pés dos apóstolos”. Assim daremos força ao testemunho de reconciliação e redenção dos pecados. Somos enviados a evangelizar não só pela palavra, mas, sobretudo pelo testemunho da comunidade. A Ressurreição acontece em nossa vida e a comunidade exerce sua missão de ser o lugar privilegiado do Ressuscitado para dar o Espírito de reconciliação e enviar ao testemunho da vida e da palavra.
Leituras:Atos4,32-35;Salmo117; 
1 João 5,1-6; João 20,19-31. 
Ficha: 1. Lucas vê dificuldades na comunidade primitiva quanto à fé em Jesus morto e ressuscitado. Entendemos assim a crise de fé de Tomé que quer ver para crer. Ver pela fé é tocar o Cristo vivo que fora crucificado. Nós O encontraremos na comunidade. Esta é o lugar de Sua presença, de dar o Espírito como dom e de enviar ao testemunho. Essa comunidade se reúne aos domingos que é o dia do Senhor, das aparições, do dom do Espírito e do envio. 2. A comunidade se funda no amor que é a vida divina. Esse amor acontece na partilhas dos bens e da própria vida como fruto aprendido na Eucaristia. O Ressuscitado continua na comunidade exercendo sua missão de reconciliação, dom do Espírito e envio. 3. A comunidade primitiva foi, em todos os tempos, o modelo para a Igreja. Nela se espelharam aqueles que quiseram renovar a vida cristã. Pelo testemunho da comunidade, Ele continua sua presença e missão no mundo.
Ver para crer
Tomé duvidou da ressurreição de Jesus. Precisou ver para crer, tocar para sentir. Nós vemos com os olhos fechados, pois cremos que Ele vive e sabemos que dEle recebemos o Espírito. 
Homilia do 2º Domingo da Páscoa
EM ABRIL DE 2006

Nenhum comentário:

Postar um comentário