quarta-feira, 4 de agosto de 2021

EVANGELHO DO DIA 4 DE AGOSTO

Evangelho segundo São Mateus 15,21-28. 
Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada. 
Tradução litúrgica da Bíblia 
Santo Hilário(315-367) 
Bispo de Poitiers, doutor da Igreja 
Comentário ao Evangelho de 
São Mateus, 15; SC 258 
«Minha filha está cruelmente 
atormentada por um demónio» 
Pessoalmente, esta cananeia pagã não tinha necessidade de ser curada, uma vez que reconheceu Cristo como Senhor e Filho de David; mas pede auxílio para a sua filha, isto é, para a multidão pagã prisioneira de espíritos impuros. O Senhor cala-Se, reservando com o seu silêncio o privilégio de salvar Israel. Trazendo em Si o mistério da vontade do Pai, responde que não foi enviado senão às ovelhas perdidas de Israel, para que ficasse claro que a filha da cananeia é um símbolo da Igreja. Não é que a salvação não pudesse ser dada também aos pagãos, mas o Senhor tinha vindo para os seus e ao mundo que era seu (cf Jo 1,11), e esperava os primeiros indícios da fé deste povo de onde Ele próprio era originário; os outros seriam salvos depois, pela pregação dos apóstolos. E, para que compreendêssemos que o silêncio do Senhor provém da consideração do tempo e não de qualquer obstáculo colocado pela sua vontade, acrescenta: «Mulher, é grande a tua fé». Queria dizer que esta mulher, já certa da sua salvação, tinha fé na congregação dos pagãos, que ocorreria quando, pela sua fé, eles fossem libertados de todo o tipo de espíritos impuros como a jovem o foi. E assim aconteceu: prefigurado o povo dos pagãos na filha da cananeia, homens prisioneiros de diversos tipos de doenças são apresentados ao Senhor pelas multidões (cf Mt 15,30). São homens incréus, isto é, doentes, que são levados pelos crentes a adorar e a prostrar-se, e a quem é dada a salvação.

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