Evangelho segundo São Lucas 18,9-14.
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros:
«Dois homens subiram ao Templo para orar; um era fariseu e o outro publicano.
O fariseu, de pé, orava assim: "Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos".
O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: "Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador".
Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade(1858-1923)
«Instrumentos de boas obraa»
O coração vazio da graça de Deus
Bem sabeis o que o nosso Divino Salvador, que é a própria verdade e a própria bondade, dizia aos seus discípulos: «Se a vossa justiça não for maior que a dos fariseus, não entrareis no reino dos Céus» (Mt 5,20). São palavras do mesmo Cristo que não quis condenar a mulher adúltera; que Se dignou conversar com a samaritana, revelando os mistérios do Céu àquela mulher, que levava um vida pecaminosa; que consentia em comer com os publicanos, que eram socialmente desqualificados por serem pecadores; que permitiu a Madalena lavar-Lhe os pés e secar-Lhos com os cabelos; que, sendo «manso e humilde de coração» (Mt 11,29), lançava anátemas sobre os fariseus: «Ai de vós, hipócritas, porque não entrareis no Reino dos Céus» (Mt 23,13). Recordai o fariseu que Jesus retrata subindo ao Templo para a oração. O que diz ele? «Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos. Não me apanhareis em falta em coisa alguma, deveis estar orgulhoso de mim». Em sentido literal, o que ele dizia era certo, pois observava tudo aquilo. Mas Cristo Jesus afirma que ele saiu do Templo justificado, mas com o coração vazio da graça de Deus. Porque o condena? Porque o infeliz se gloriava das suas boas ações e colocava toda a sua perfeição numa observância puramente exterior, sem se preocupar com as disposições interiores do seu coração. Por isso, Nosso Senhor acrescenta: «Se a vossa justiça não for maior que a dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus». Com efeito, é no coração que reside a perfeição, porque a lei suprema é a lei do amor.
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