terça-feira, 6 de agosto de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Porta do Paraíso”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
“Vida em abundância”
 
Na Páscoa celebramos a morte salvadora e a ressurreição santificadora que Jesus nos oferece para que tenhamos vida. Esta vida está na unidade à vida de Jesus. E é somente em Jesus que ela se realiza e se desenvolve, pois Ele veio para que tenhamos vida em abundância (Jo 10,10). A vida abundante é a vida de ressuscitados. “Com Ele nos foram dados todos os bens”. Essa vida que Cristo nos dá, em primeiro lugar, é Ele mesmo que se entrega a nós. Além Dele, recebemos a vida com a bela comparação de um rebanho que tem pastagens verdes e água em abundância. É o alimento dado em totalidade. Somos livres de todos os males, como nos explica a carta de Pedro: “Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, afim de que mortos para os pecados, vivamos para a justiça” (1Pd 2,24). Não estamos mais perdidos: “Andáveis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes ao pastor e guarda de vossas vidas” (1Pd2, 25). Salva cada ovelha e salva todas as ovelhas. Mas há passos a serem dados para se iniciar nesta vida e caminhos a serem feitos. Para explicar sua relação conosco Jesus usa a imagem bucólica do rebanho, do redil e do pastor. Na liturgia de hoje Jesus se coloca como a porta pela qual passam as ovelhas. Ser porta é comparável ao que disse: “Eu sou o caminho”. Ele conduz, mas é por Ele que devemos passar, acolhendo-O pela fé estamos unidos a Ele e podemos caminhar com Ele. 
Ouvir o Pastor 
O primeiro passo é ouvir a voz do pastor. Esta voz será ouvida, se conhecida. Depois de conhecida, torna-se fácil distingui-la da voz de um estranho. S. Pedro no dia de Pentecostes, respondendo à pergunta “o que devemos fazer, irmãos”, adverte: “Convertei-vos, cada um seja batizado e assim recebereis o Espírito Santo” (At 2,38). Para identificar a voz do pastor, é necessário dar os passos na conversão a Jesus, ser batizado e receber o Espírito. É preciso atravessar a porta das ovelhas. Jesus diz: “Eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10,7). Não há cristianismo sem Jesus. Aceitar Jesus e seu evangelho é atravessar a porta. Éramos ovelhas desgarradas. Jesus, atravessando o sofrimento, que foi sua porta, reuniu-nos junto a si, como o pastor ao rebanho. Os que vieram antes de Jesus, são ladrões e assaltantes que vieram só para roubar, matar e destruir. Jesus veio “para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10).
Salvação em Jesus 
Não há salvação fora de Jesus? De fato não. Pode haver salvação fora de Jesus, aparentemente. Dizemos aparentemente, pois quem julga os corações é Deus e somente Ele vê o que há no coração de cada um. Quem tem um coração reto faz parte do rebanho de Jesus e atravessou a porta que é Ele. Para nós que O conhecemos, não há outro modo. E conhecê-lo não é só saber que existe, pois São Tiago diz que o demônio sabe e treme (Tg 2,19). “Também Cristo sofreu por vós deixando um exemplo para que sigais os seus passos” (1Pd 2,21). Para entrar por Ele que é a Porta de entrada de nosso mundo com Deus, temos que segui-lo também quando for difícil. A vida em abundância que nos dá requer também uma resposta nossa de ouvir sua voz e segui-lo. Pergunte-se como você identifica a voz de Jesus que o chama pelo nome. Nossa intimidade com Ele vai além de uma amizade, mas de um relacionamento de profundidade. É o termo que Jesus usa: “Chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora” (Jo 10,5). Esse mesmo relacionamento é exigido no relacionamento na comunidade: conhecer a voz dos amigos e chamá-los pelo nome.

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