Evangelho
segundo S. João 5,1-16.
Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus
subiu a Jerusalém. Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em
hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos. e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus
perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na
piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a caminhar.
Ora aquele dia era sábado. Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes levar
a tua enxerga». Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e
anda’». Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se
afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não
voltes a pecar, para que não te suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto num dia de
sábado.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo
«Vida de Moisés», II, 121s; SC 1
Salvos pela água
Qualquer homem que oiça o relato do mar
Vermelho compreende o mistério da água, à qual se desce com todo o exército dos
inimigos e da qual se emerge sozinho, deixando o exército dos inimigos afundado
no abismo. E percebe que este exército dos egípcios [...] são as diversas
paixões da alma às quais o homem se encontra sujeito: sentimentos de ira,
impulsos diversos de prazer, de tristeza, de avareza. [...] Todas estas coisas,
e aquelas que estão na sua origem, com o chefe que promove o ataque odioso, se
precipitam na água atrás dos israelitas. Mas a água, pela força da vara da fé e o poder da nuvem luminosa (Ex,
14,16.19), torna-se uma fonte de vida para aqueles que nela procuram refúgio -
e fonte de morte para quantos os perseguem. [...] Isto significa, quando se
deteta o sentido oculto neste acontecimento, que todos quantos passam pela água
sacramental do batismo devem fazer morrer na água as más inclinações que os
combatem - a avareza, os desejos impuros, o espírito de rapina, os sentimentos
de vaidade e de orgulho, os impulsos de ira, a inveja, o ciúme... É como o mistério da Páscoa judaica: chamava-se «páscoa» ao cordeiro cujo sangue
preservara da morte os que dele tinham usufruído (Ex 12,21.23). Neste mistério,
a Lei ordena que se coma, com a páscoa, pães ázimos, sem o velho fermento, ou
seja, que nenhum resto de pecado apareça misturado com a vida nova (1Cor
5,7-8). [...] Da mesma maneira, temos de afundar todo o exército egípcio, isto
é, todas as formas de pecado, no banho da salvação, qual abismo do mar, e dele
emergir sozinhos, sem nada que nos seja estranho.
http://www.evangelhoquotidiano.org
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