sábado, 16 de dezembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Reconciliação do gênero humano”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Quão suave é o Senhor
               Este 4º domingo tem uma nota de alegria que anuncia a festa que se aproxima e para a qual caminhamos, a Páscoa. A Quaresma não é um fim em si. Ela lembra o tempo sofrido do deserto e nos mostra a alegria de viver na terra definitiva que é o Reino de Deus para o qual Jesus nos salvou. No meio da Quaresma podemos já entrar no coração do Pai e compreender todo o mistério da salvação que Jesus nos mostra com tanta simplicidade nesta parábola de beleza incomparável. Para explicar os mistérios de Deus gastamos muitas palavras. Jesus contava uma historinha. Jesus veio para todos. Por isso acolhia os pecadores e se fazia igual a eles ao participar de suas refeições. Isso provocava a ira dos fariseus, pois eram seletivos. Jesus mostra a bondade do pai que acolhe o filho de volta para casa e lhe restitui todos os bens familiares perdidos, dos quais o mais precioso era o amor do pai. A figura do irmão, que nunca fez nada de errado, é o exemplo dos fariseus que se consideravam perfeitos. Jesus mostra que o irmão deve receber o irmão como o pai recebe o filho. O pai diz: “Este teu filho”, o Pai retruca: “Este teu irmão” e lhe devolve a fraternidade. Este evangelho é também o grande convite a todos que pensam que não têm solução ou procuram soluções longe do coração bondoso do Pai. É também um convite a não fazermos de Deus um vingador severo que pune até à quarta geração. Às vezes apelamos a um Deus severo que castigue os outros, mas feche os olhos aos nossos pecados que não são pequenos. Esta parábola deveria nos ajudar a mudar os planos de pastoral de nossas paróquias e dioceses. Estamos fugindo do coração do Pai e nos preocupamos com aquilo que não incomoda. Os prediletos de Jesus estão fora de nossos planos. Nossa missão é mostrar quão suave e bom é nosso Pai.
Páscoa é dom e compromisso
               Ao entrarem na terra prometida, depois de 40 anos de deserto e dos milagres que sustentaram a vida do povo, o maná parou de cair do céu e comeram os frutos da terra (Js 5,11-12). Não vivemos de milagres, mas fazemos os milagres da reconciliação com nossas mãos. A lei agora é o coração do Pai que nos deu o Filho para nossa redenção. A grande obra do cristão é transformar o mundo a partir de uma justa compreensão de Deus como Pai que acolhe a todos. É a renovação, pois “quem está em Cristo é uma nova criatura. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo... Ele nos confiou o ministério da reconciliação” (2Cor 5,11-12). Não somos como o irmão mais velho que faz da vida da família de Deus um clube seleto onde o frágil e o derrotado não têm espaço.
Com o coração do Pai
               A Quaresma é sempre um convite à conversão, a uma penitência e a uma vida nova que vamos celebrar na Páscoa com a Vida de Jesus Ressuscitado. Ser nova criatura é ter um modo novo de viver. Infelizmente temos dificuldades de ver a dimensão humana que a vida de Jesus nos trouxe. A fé não é intimista. Temos que viver e pensar como Ele viveu e pensou. Temos a mesma mente dos fariseus: Religião é uma pureza pessoal, exterior sem a abertura de coração que o Pai demonstrou dando-nos Jesus para que seu amor fosse total a todos. Rezamos na oração pós-comunhão: “Iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração”. Viver como filho que reconhece o amor que o Pai tem por ele.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário