Este
4º domingo tem uma nota de alegria que anuncia a festa que se aproxima e para a
qual caminhamos, a Páscoa. A Quaresma não é um fim em si. Ela lembra o tempo
sofrido do deserto e nos mostra a alegria de viver na terra definitiva que é o
Reino de Deus para o qual Jesus nos salvou. No meio da Quaresma podemos já
entrar no coração do Pai e compreender todo o mistério da salvação que Jesus nos
mostra com tanta simplicidade nesta parábola de beleza incomparável. Para
explicar os mistérios de Deus gastamos muitas palavras. Jesus contava uma
historinha. Jesus veio para todos. Por isso acolhia os pecadores e se fazia
igual a eles ao participar de suas refeições. Isso provocava a ira dos fariseus,
pois eram seletivos. Jesus mostra a bondade do pai que acolhe o filho de volta
para casa e lhe restitui todos os bens familiares perdidos, dos quais o mais
precioso era o amor do pai. A figura do irmão, que nunca fez nada de errado, é
o exemplo dos fariseus que se consideravam perfeitos. Jesus mostra que o irmão
deve receber o irmão como o pai recebe o filho. O pai diz: “Este teu filho”, o
Pai retruca: “Este teu irmão” e lhe devolve a fraternidade. Este evangelho é também
o grande convite a todos que pensam que não têm solução ou procuram soluções
longe do coração bondoso do Pai. É também um convite a não fazermos de Deus um
vingador severo que pune até à quarta geração. Às vezes apelamos a um Deus
severo que castigue os outros, mas feche os olhos aos nossos pecados que não
são pequenos. Esta parábola deveria nos ajudar a mudar os planos de pastoral de
nossas paróquias e dioceses. Estamos fugindo do coração do Pai e nos preocupamos
com aquilo que não incomoda. Os prediletos de Jesus estão fora de nossos
planos. Nossa missão é mostrar quão suave e bom é nosso Pai.
Páscoa é dom e compromisso
Ao
entrarem na terra prometida, depois de 40 anos de deserto e dos milagres que
sustentaram a vida do povo, o maná parou de cair do céu e comeram os frutos da
terra (Js 5,11-12).
Não vivemos de milagres, mas fazemos os milagres da reconciliação com nossas
mãos. A lei agora é o coração do Pai que nos deu o Filho para nossa redenção. A
grande obra do cristão é transformar o mundo a partir de uma justa compreensão
de Deus como Pai que acolhe a todos. É a renovação, pois “quem está em Cristo é
uma nova criatura. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo... Ele nos
confiou o ministério da reconciliação” (2Cor 5,11-12). Não somos como o irmão mais velho que faz da
vida da família de Deus um clube seleto onde o frágil e o derrotado não têm
espaço.
Com o coração do Pai
A
Quaresma é sempre um convite à conversão, a uma penitência e a uma vida nova que
vamos celebrar na Páscoa com a Vida de Jesus Ressuscitado. Ser nova criatura é
ter um modo novo de viver. Infelizmente temos dificuldades de ver a dimensão
humana que a vida de Jesus nos trouxe. A fé não é intimista. Temos que viver e
pensar como Ele viveu e pensou. Temos a mesma mente dos fariseus: Religião é
uma pureza pessoal, exterior sem a abertura de coração que o Pai demonstrou
dando-nos Jesus para que seu amor fosse total a todos. Rezamos na oração
pós-comunhão: “Iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça para
pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração”. Viver como
filho que reconhece o amor que o Pai tem por ele.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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