quarta-feira, 13 de setembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Entre vós não será assim”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
130. Jesus, modelo de autoridade.
            Jesus é modelo completo quando queremos orientar nossa vida. Nele estão todas as virtudes. Ele é a Virtude. É modelo em suas palavras e em suas atitudes. É modelo para todos em todos os tempos, não somente para uma classe de pessoas de uma época. Por que não imitamos Jesus para orientar nosso estilo de vida? A Igreja católica, como tantas outras, padece do mal de não se empenhar na imitação de Jesus. Com isso perdemos a força de testemunho. No tocante à autoridade, vemos que Ele não apela para sua autoridade a não ser para desmontar o poder do mal quando cura os possessos: “Eu te ordeno: Sai deste homem”. No trato com as pessoas propõe e não impõe: “Se queres ser meus discípulos”. Temos o costume de jogar nas “costas” do Espírito Santo, o que não passa de caprichos. A conversão no uso do poder é um desafio que Jesus teve que superar quando foi tentado por Satanás no deserto. Jesus se orientou pelo desejo de procurar fazer sempre a vontade do Pai: “Não é da vontade de vosso Pai que um destes pequeninos se perca” (Mt 18,14). O serviço de salvação de todos é a máxima lei. É curioso como colocamos certos costumes ou certas orientações inventadas como lei e deixamos de lado a palavra e o exemplo de Jesus. Paulo mesmo tem esse modo de pensar. No grande Concílio de Jerusalém, os apóstolos disseram: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro jugo além destes que são indispensáveis” (At 15,28). “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gl 5,1) escreve Paulo. No decorrer da história, por medo da liberdade, foram se impondo normas. Às vezes, essas normas eram mais sagradas que o próprio Evangelho. É certo que a fragilidade leva ao abuso. Paulo adverte: “Que a liberdade não sirva de pretexto para a carne”. E apresenta o remédio: “pela caridade colocai-vos a serviço uns dos outros” (Gl 5,13). O amor misericordioso é a lei fundamental de Jesus. Ele amava, por isso era ouvido e é o Salvador.
1132. Igreja mestra, mas também discípula.
            A Igreja, continuando a missão de Jesus, tem como dever fundamental mostrar Seu rosto misericordioso. Jesus anunciou o Reino presente no meio de nós e constituiu-se assim a comunidade dos que creram (At 2,41). Cumpria-se o que disse: “Toda autoridade me foi entregue sobre o céu e sobre a terra. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos meus, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinado-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,18-20). Jesus dá a autoridade de continuar sua missão através do batismo, da criação da comunidade e do ensino. Valoriza-se muito poder de mandar, tirado das sociedades pouco cristãs, e não o poder de servir ensinado por Jesus.
1133. Caminho da comunidade.
O serviço do poder é o poder de servir. Jesus diz que o modo como a sociedade exercita o poder não é como Ele ensinou: “Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar grande entre vós seja aquele que serve... o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,25-28). O estilo de poder da Igreja e de todos os cristãos não é o ser uma grande nação cristã. Isso já não deu certo. Somos chamados a nos pôr a serviço de todos para implantar a força transformadora do Reino através do amor de entrega, como Ele o fez. A pirâmide do poder tem que ser invertida para ser a pirâmide do serviço. A sede de poder é um veneno dentro de qualquer religião. O resultado é a opressão e a exploração, o que é pior, em nome de Deus.

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