quinta-feira, 14 de setembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “A difícil condição do profeta”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Profeta recusado
A figura polêmica do profeta sempre esteve presente na História da Salvação. Falando em nome de Deus, fustigam as consciências para que as pessoas se afastem do mal e procurem o bem. Normalmente são vistos como um “estraga prazeres”. É o que vemos em Jesus que vai a Nazaré para o meio de seus familiares e amigos que o viram crescer com eles. Agora faz milagres e tem uma sabedoria que encanta. Logo gera o ciúme. Ele próprio afirma “que não há profeta sem honra exceto em sua pátria, em sua parentela e em sua casa” (Mc 6,4). Jesus não é diferente. Seu ensinamento se apoia na Palavra de Deus que exige conversão. Lemos no Antigo Testamento quando os judeus querem um rei como os outros povos. O profeta Samuel se desgosta. Deus lhe diz: “Não é a ti que eles rejeitam, mas a Mim, porque não querem mais que eu reine obre eles” (1Sam 8,7). A recusa ao profeta percorre as Escrituras, pois o povo sempre se afastava de Deus. Ele tem consciência da vontade de Deus e tem zelo pela casa de Deus; quer levar o povo a viver a aliança e renovar seus caminhos. Ele tem amor a seu povo, pois não quer ver o sofrimento, fruto do pecado. Os castigos que o povo sofreu são conseqüência de seu pecado e do pecado de seus chefes. Hoje não dizemos nestes termos, mas se vivermos a Palavra de Deus poderemos evitar muitos males, que não são castigos, mas conseqüência do mau procedimento. Temos um exemplo: Quem dirigir alcoolizado faz mal a si e aos outros. Ao serem chamados a atenção, não ouvem. O profeta não é um tipo estranho, exótico, mas aquele que chama à verdade. O profeta Ezequiel afirma que mesmo se não escutem, “saberão eu um profeta esteve entre com eles” (Ez 2,5).
Consolo do profeta
A vida do profeta é difícil. É difícil proclamar a vontade de Deus num mundo sem fome de Deus. Temos a certeza que a palavra frágil do homem ou da mulher que procuram a verdade tem a forma humana, mas também a força de Deus. Ela tem a força de mudar os corações. Anunciar a Palavra de Deus não em proveito próprio, mas de Deus, tem a recompensa de estar unido a Deus. Por outro lado, como escreve Paulo, mesmo que tenhamos o espinho na carne, temos a promessa de Deus: “Basta-te a minha graça” (2Cor 12,9).
Continuar anunciando
            O profeta para continuar anunciando tem que descobrir as sementes da Palavra presentes no povo de Deus e ser capaz de despertar os dons que o Espírito dá a cada um; necessita aprender a ouvir o povo e ser evangelizado por ele. O povo de Deus tem fé e pratica a Palavra mesmo sem saber explicá-la. Ao profeta é pedido encontrar sempre novos meios de transmitir a Palavra. Temos visto certos pregadores que usam outros meios que alguns rejeitam. Graças a Deus que evangelizam. Mesmo no meio da perseguição e das contrariedades é preciso continuar anunciando (Ap 10,11). Paulo tinha um espinho na carne, uma dificuldade e diz: “Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por Cristo. Quando eu me sinto fraco é então que sou forte” (2Cor 12,10). O salmo nos aconselha estar sempre atento à vontade de Deus, pois Ele sempre fala. Vale a pena esperar em Deus, mesmo diante do desprezo dos soberbos (Sl 122).

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