PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Responsáveis uns pelos outros”
Não
fecheis o coração
A
Palavra de Deus oferecida na liturgia deste domingo nos leva a refletir sobre a
necessidade de nos ajudarmos no caminho da salvação. Se um irmão está errando,
é responsabilidade de cada um e da comunidade alertá-lo. Por isso o profeta
Ezequiel lembra que, se não o corrijo, torno-me culpado com ele. Se o irmão não
ouve, então a culpa é dele (Ez 33,7-9). Diante desse risco de não atender a um chamado à
conversão, o salmo convida a sempre ouvir a Palavra de Deus pronunciada na
comunidade: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: ‘Não fecheis os vossos corações -
como fizeram os judeus no deserto - onde outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto minhas obras’” (Sl 94). Mesmo diante de grandes milagres presenciados não movem
seus corações à conversão. Ela é uma opção que deve partir do interior. Jesus
insiste no ministério de ligar e desligar, quer dizer, o que fazemos para
alertar os irmãos é ajudado pela graça de Deus. Esse ministério tem um processo
muito claro: deve ser realizado na caridade. Primeiramente se procura a pessoa
em particular; depois, se não atende, convide outro irmão para mostrar que a coisa
não é pessoal; se nem assim escuta, pode levar à comunidade. Se não ouve nem a
comunidade, seja considerado pecador público ou pagão. Normalmente fazemos o
processo contrário: depois que todo mundo sabe, o acusado fica sabendo. Aqui
encontramos também na Igreja a denúncia oculta. O padre, o bispo e mesmo as
autoridades superiores sabem quem acusa. O acusado não. Isso é mal. Acabaria
com certo tipo de denúncias fundadas na maldade e na mesquinhez. Jesus ensina
de outro modo.
Ele
está entre nós
A
comunidade é a grande mediadora em todas as questões. O motivo é a presença de
Jesus: “Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que
quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois
onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (M 1818-19). Esta é a
preciosa presença constante de Jesus entre os seus que justifica toda a ação da
Igreja. Ele está sempre presente na comunidade, mesmo pequena, garantindo sua
oração, vida e atividade. Assim estão seguros os sacramentos, a oração, o
empenho pastoral etc... “Eu estou no
meio deles”. O individualismo na vida cristã não tem consistência, pois o
mandamento primeiro é o amor. Amar exige a pessoa amada. Vemos como a estrutura
da Igreja funciona tendo por base o amor do casal. É expressão do amor de Deus
e modelo de vida cristã para todos. Salvar-se é uma ação individual. Eu não me
salvo pelo outro, mas me salvo pelo amor ao outro. O amor mútuo é o caminho.
Foi por ele que Jesus nos salvou.
O
amor não faz mal
A
carta de Paulo aos Romanos, apresentando os mandamentos referentes ao próximo,
nos faz compreender que pelo amor mútuo cumprimento toda a lei. O amor vai
respeitar os pais, a vida, a sexualidade, as propriedades dos outros, a boa
fama, o casamento e a vida pessoal de cada um e de seus bens. Tudo que envolve
o ser humano deve ser modelado pelo amor. O amor é o cumprimento perfeito da
Lei (Rm 13,8-10).
Corrigir o irmão é fruto do amor de comunhão. Todos têm direito a viver bem,
também com a ajuda dos outros. Não preciso de ninguém não é ensinamento de
Jesus. Nós precisamos uns dos
outros. Estejamos juntos para garantir a
presença de Jesus em nosso meio e nosso relacionamento com Deus. Nas
celebrações realizamos essa verdade.
Leituras: Ezequiel 33,7-9;
Salmo 94;Romanos 13,8-10;Mateus 18,15-20
1.
A Palavra de Deus deste domingo ensina a necessidade de
nos ajudarmos uns aos outros no caminho da salvação.
2.
A preciosa presença constante de Jesus entre os seus
justifica toda a ação da Igreja.
3.
Os mandamentos referentes ao próximo nos fazem
compreender que pelo amor mútuo cumprimos toda a lei.
Ganhando por somar O ensinamento do evangelho
desse domingo nos traz a temática da correção fraterna. Esse é o espinho na
garganta. Ninguém ousa fazer e menos ainda aceitar. Preferimos falar por trás
que enfrentar diretamente a pessoa. Nem a caridade consegue amansar. É curioso
que fazemos ao contrário do que ensina Jesus: primeiro fala com a pessoa, só os
dois; depois, se não dá resultado, vai com mais um; se não dá, fala em público.
Se nem assim adianta, seja excluído da comunidade.
Preferimos fazer o contrário.
Esse é o sentido do que Jesus fala a Pedro quanto ao ligar na terra
será ligado no Céu. O amor, como diz Paulo na carta aos Romanos, não faz mal
contra o próximo e é o cumprimento da lei. É uma responsabilidade. Se não
corrijo, torno-me responsável também. Se não se ouve, fiz a minha parte.
O Salmo 94 nos convida a não fecharmos o coração e procurarmos sempre
a correção para estarmos abertos à conversão e ao arrependimento.
Não queremos uma Igreja que só acuse, mas que não se deixe engolir
pelas maldades do mundo que são o pecado. Se não, nos tornamos culpados.
Vejamos nossos males e não os dos outros. Ajudando na conversão,
somamos no caminho do bem.
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