Os
termos cordeiro e ovelha são correntes nas escrituras e na liturgia, a tal
ponto que Jesus é chamado de o “Cordeiro de Deus”. Numa cultura como a nossa
onde os rebanhos são de gado, torna-se difícil a compreensão do significado.
Vamos procurar compreendê-lo nesse contexto pascal. A ovelha foi domesticada na
idade do bronze (3.300) antes de Cristo. É um animal dócil, o que foi associado
à ideia de inocência. Os povos pastores tiravam dela seu alimento e vestuário.
O cordeiro foi integrado no culto como oferenda sacrificada e consumida como
participação na Divindade. Ao estudarmos
a Páscoa dos judeus, sabemos que o ritual do cordeiro sacrificado já é de
tradição muito anterior. Na lua nova, sacrificavam um cordeiro e passavam o
sangue nos mourões do curral para espantar os maus espíritos e pedir proteção.
Na libertação do Egito esta celebração, já tradicional, pois eram pastores,
somada posteriormente ao pão ázimo tornou-se a celebração mais importante.
Primeiramente era familiar e depois passou ao templo. Pelas orientações do
livro do Êxodo (12,1-14), temos o
cordeiro e seu sangue passado nos umbrais da porta para serem livres do anjo
exterminador (que matou os primogênitos dos egípcios) e saltou (passagem –
páscoa) a casa dos judeus. Notemos que Cristo é chamado de Cordeiro que tira o
pecado do mundo. Por ele nos veio a salvação. Essa festa devia ser um memorial
da salvação, no sentido de que todos estão envolvidos naquela libertação. Os
sacrifícios do templo mantinham a oferta de cordeiros nas diversas modalidades
como lemos no livro do Levítico. O Profeta Isaias escreve no capítulo 53 sobre
um “servo” que não tem identificação, “ele é maltratado e humilhado e não abriu
a boca como um cordeiro que é conduzido ao matadouro” (Is 53,7). A palavra servo tem também o sentido de cordeiro. Em
o Novo Testamento Cristo é identificado com esse cordeiro – servo sofredor.
1102. Cordeiro que
tira o pecado
Para
compreender a morte de Cristo e a Eucaristia, temos que ter este pano de fundo.
O cordeiro foi usado na aliança com Deus. Seu sangue sela a aliança: “este é o sangue
da aliança que Deus fez convosco” (Ex 24,8) e o sangue de Cristo, Cordeiro, “que é o sangue da
nova aliança que é derramado por todos para a remissão dos pecados” (Mt 26,28). João Batista apresenta Jesus aos discípulos
dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,36). É uma
referência ao servo sofredor e ao valor salvífico da missão de Jesus. Como a
Eucaristia celebra o Mistério de Redenção, o cordeiro se tornou também símbolo
eucarístico que encontramos nos círios pascais, nas hóstias, nas toalhas e
outros adereços do altar.
1103. Trono do
Cordeiro
O
livro do apocalipse chama Cristo de Cordeiro Imolado que tem o poder de julgar
os vivos e os mortos. A palavra Cordeiro aparece 27 vezes no livro. O Cordeiro
Sofredor, agora é o Cordeiro Senhor. Ele tem a marca da lança no peito. Ele tem
o poder de julgar os vivos e os mortos (Ap. 5,6-10). O povo que foi lavado no sangue do Cordeiro e o
seguem e Ele os conduz para as fontes da água viva. Esse povo é a esposa do
Cordeiro e com Ele reinarão. Nas missas temos invocações do Cordeiro no glória,
na ladainha antes da comunhão e no apresentação da Hóstia: Eis o Cordeiro de
Deus.... Dai-nos a paz!
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