PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Viver segundo o Espírito”
Os
pequenos acolhem
O
texto evangélico de hoje nos coloca bem no âmago do Evangelho de Jesus que se
alegra grandemente porque os pequeninos acolhem a Boa Notícia da revelação de
Jesus. Eles acolhem e são os primeiros destinatários. É o júbilo messiânico. Jesus
se dirige ao Pai em grande louvor. Também aos “sábios e entendidos” é anunciado
o Evangelho, mas permanece oculto, pois estão fechados ao amor de Deus. Muitos
destes são interessados e vivem em santidade. Outros aceitam enquanto não os
incomodem e não os comprometem com o cuidado amoroso de Deus para com os
necessitados. Esse aspecto de pequenez e humildade é uma característica fundamental
do Filho de Deus que se encarnou. Como lemos na primeira leitura, o profeta Zacarias
(não o pai de João Batista) diz sobre o rei que vai chegar: “Eis que vem seu
rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num
jumento... Ele exterminará a guerra e anunciará a paz” (Zc 9,9-10)... A figura do Rei - Messias
não é o glorioso guerreiro num cavalo garboso. Nós temos a tendência ao
triunfalismo. Jesus não era assim. É o que lemos no salmo 144 falando de Deus:
“Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência e compaixão. O
Senhor é muito bom com todos; sua ternura abraça a toda criatura” (Sl 144,8-9). Jesus é
a imagem viva do Pai. Quando queremos essas atitudes estamos vivendo segundo a
carne (Rm 8,12).
Meu jugo é suave
Jesus
convida a irem a Ele os sofredores: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados
e fatigados sob o peso dos vossos fardos e Eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Esse
convite “vinde” ressoa o convite que é a Sabedoria para o grande banquete
aberto a todos os povos (Pr
9,5). O convite de Jesus mostra dois aspectos para nossa compreensão da
fé: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,30). A carga e a cangalha que dominam
o animal simbolizam o peso que carregamos. Estar sob o poder de Deus não é um
peso. Carregar as exigências da fé não é um sofrimento que suportamos. Seus
mandamentos não são pesados diz S. João (1Jo 5,3). Os mandamentos não são pesados
para fazer sofrer nosso coração. Segui-los nos alivia de tantos males. São
outros nomes do amor. Jesus já carregou a pesada cruz para o Calvário em nosso
lugar. Nossa cruz não é pesada, pois quem a dá é o próprio Jesus que sabe o que
podemos suportar. “Deus não permitirá que sejais tentados acima de vossas
forças... mesmo tendo a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força
para suportar” (1Cor
10,13). O problema não são as tentações, mas a facilidade com que nos
deixamos levar pensando que o que nos agrada é que é o certo. Isso é o pior.
Fé
não é peso
Há
mais um ensinamento nessas palavras de Jesus: “Meu fardo é leve”. Já há tempo,
na história vemos que há uma tendência de rigidez na vida cristã como se o
rígido, o severo e o exigente sejam o caminho mais seguro para a salvação.
Impôs-se uma fé pesada, uma religião dura. Quanta severidade! Jesus não era
assim. Quer que sejamos exigentes no amor. Há uma heresia (doutrina errada) que
influencia muito a mentalidade do povo e de certas lideranças. A severidade não
se confunde com grosseria, prepotência ou falta de educação, pois a verdade
pode ser ensinada com boas palavras. Deve-se condenar o pecado e não maltratar
o pecador. Não se trata de ceder ao mal. Quanta gente se afastou da Igreja por
maus tratos de sacerdotes e gente da sacristia. A fé é alegria. Não é pesada. A
rigidez, peguemos para nós, não impor aos outros. Não jogar sobre os outros
nossos problemas.
Leituras: Zacarias 9,9-10; Salmo 144; Romanos 8,9.1-13;Mateus 11,25-30
1.
Jesus se alegra porque os pequeninos acolhem a
revelação de Jesus. Ela é oculta aos sábios e aos entendidos porque fecham o
coração. Jesus é como o Pai que é bom.
2.
Estar sob o poder de Deus não é um peso. Carregar as
exigências da fé não é um sofrimento que suportar.
3.
Já há tempo, na história vemos que há uma tendência de
rigidez na vida cristã como se o rígido, o severo e o exigente sejam o caminho
mais seguro para a salvação
Carga leve
Quem diz que religião incomoda, está
incomodando a religião. Religião que incomoda não é de Deus. O que é de Deus é a simplicidade, a mansidão
e humildade. É o que nos dizem as leituras.
O glorioso Rei, Senhor do Céu e da
Terra vem a sua cidade não montado num cavalo garboso, mas no humilde jumento.
Ele vai eliminar toda a arma de guerra. Vem para a paz. É a linguagem que o
povo entende. Por isso Jesus, ao entrar em Jerusalém usa esse jumento.
Não é só simples para demonstrar aos
outros, mas simples para acolher. É Nele que podemos encontrar o repouso e o
descanso. Nada de coisas pesadas e complicações. Diz: meu jugo e suave, (jugo é
a cangalha que se colocava sobre o animal e Jesus usa como aquilo que nos
oferece). E meu fardo é leve. Deus não nos dá pesos que não possamos carregar.
Mesmo quando há algo pesado na vida, Ele está junto.
Os
que o entendem são os humildes. Cuidado com religião de peso. Isso não é de
Deus, mas fruto de nossa maldade. Se quiser algo pesado, ponha sobre suas
próprias costas e não nas dos outros.
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