sábado, 8 de julho de 2017

GREGORIO GRASSI Francisco Fogolla, António Fantosati e 26 companheiros, Mártires, Beatos

No fim do século XIX, a China entrou numa crise grave. Não tendo querido receber a civilização moderna, não podia manter o seu lugar no mundo. O jovem imperador Kouang-Sin experimentou reformas; a velha imperatriz retomou porém a autoridade, e recomeçou a política reaccionária. Vendo-se incapaz de abrir guerra contra as grandes potências, excitou no povo chinês a xenofobia, ou ódio aos estrangeiros, servindo-se duma sociedade secreta já antiga, cujos membros vieram a ser chamados Boxers ou pugilistas, porque se exercitavam fisicamente dando punhadas entre si. (Ver também, a 8 de Junho, o Beato Leão Mangin e 55 companheiros).
Beato Gregório Grassi e companheiros mártires
Em 1900, ela julgou ter chegado o momento de lançar os amotinadores contra os Europeus, dando àqueles o apoio dos soldados. Os cristãos foram naturalmente considerados como traidores à velha China e os Boxers perseguiram-nos com o seu ódio. Felizmente, muitos vice-reis recusaram seguir as ordens de Pequim e a perseguição não se estendeu para além das províncias da capital. Graças à intervenção das potências, durou menos de dois meses, mas foi muito sangrenta: avaliou-se o número das vítimas em 20.000, das quais 2418 nos vicariatos apostólicos confiados aos Franciscanos. Foram beatificados, em 1946, vinte e nove, como vanguarda de tal legião de mártires. Três dentre eles sofreram o martírio em Heng-Chou-Fou e os restantes vinte e seis em Tai- Yuan-Fou, no Chan-Si.
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O bispo Gregório Grassi muito desenvolvera a missão do Chan-Si setentrional. Tinha ao seu lado outro prelado, Dom Francisco Fogolla. Trabalhavam também no vicariato apostólico os Padres Elias Facchini e Teodorico Balat, e o irmão André, alsaciano de grandes qualidades, em particular duma força hercúlea. Em Heng-Chou-Fou residia o vigário apostólico Dom António Fantosati, com os Padres Cesídio Giacomantoni e José Maria Gambaro.
Sete Missionárias de Maria tinham vindo também da Europa para fundar a missão de Tai-Yuan-Fou. Era superiora a Madre Maria Hermínia de Jesus.
A este número juntaram-se ainda, todos de nacionalidade chinesa: 6 seminaristas e 8 empregados das casas dos missionários.
No dia 9 de Julho de 1900, estão todos os futuros mártires reunidos e presos em Tai-Yuan-Fou. Ouve-se um ruído de gente que chega. D. Gregório Grassi diz simplesmente: «A hora da morte chegou. Vou dar-vos a absolvição». Os Boxers estão presentes. Batem na cabeça das vítimas para as estontear e assim lhes prender as mãos atrás das costas. O Irmão André dirige-se a um deles: “Nunca me prostrei diante de nenhum chinês, vou-o fazer agora porque me vais abrir as portas do céu”. E indo para a morte canta: Louvai ao Senhor todos os povos. D. Francisco Fogolla, ferido gravemente na testa e num ombro, reclama um pouco de deferência: «Deixai que nos levantemos, depois seguiremos sem resistência». Mas os algozes instam com as vítimas dando-lhes punhadas e pauladas; algemam-nas duas a duas e levam-nas para o palácio do vice-rei, enquanto o povo grita: «À morte os diabos europeus». As religiosas cantam o Te Deum.
Mais de 3.000 Boxers os esperavam Este singular processo decorreu sem testemunhas nem advogados. Yu-Hsien, o vice-rei, aparece e dirige-se a D. Francisco:
― Há quanto tempo está na China?
― Há mais de 30 anos.
― Porque prejudicastes o meu povo e com que fim propagais a vossa fé?
― Não prejudicamos ninguém, mas beneficiamos a muitos. Vivemos aqui para salvar almas.
― Não é verdade, fizestes muito mal e vou matar-vos a todos ― grita o vice-rei, lançando-se contra o bispo, ao qual fere duas vezes no meio do peito, berrando aos Boxers: «Matai, matai».
Dá-se então o ataque e matança. Os mártires são decapitados e mutilados e, enquanto as Franciscanas Missionárias de Maria levantam os véus para estender os pescoços, são trucidados o seminarista de dezasseis anos João Wang e o velho Padre Elias, recebendo o primeiro uma espadeirada na testa e o outro no peito. Arrancam-lhes o coração e acabam por lhes cortar a cabeça.
Yu-Hsien mandou lançar os corpos na fossa comum. Mas no fim do ano de 1900, o vice-rei que lhe sucedeu, temendo uma expedição militar europeia, mandou desenterrar ― na presença de dois chineses, um católico e outro protestante ― os restos dos mártires e meteu-os em caixas, das quais uma parte foi dada a um padre que a depositou no cemitério dos Franciscanos.
A 9 de Julho de 1902 foi celebrada Missa no pátio do tribunal e a 24 de Março de 1903 houve uma cerimónia de reparação, mandando as autoridades chinesas colocar duas lápides no sobredito pátio. E a 9 de Julho de 1903, realizou-se o funeral solene à custa do governo.
A causa de beatificação de 1418 cristãos da China mortos pela fé foi introduzida em 1926. Para fazer chegar o processo o mais depressa possível a termo, foram escolhidos 29 nomes. Estes campeões da fé beatificou-os, a 24 de Novembro de 1946, Pio XII.
As sete Franciscanas Missionárias de Maria são as primeiras beatas da Congregação, fundada em 1877 pela Madre Maria da Paixão.

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