Festa do Sagrado Coração de Jesus! Já na Idade Média, encontramos esta devoção
que vai se solidificar com as revelações que se deram em 1627 a S. Margarida M. Alacoque. Uma devoção também
evolui na maneira de entendê-la e realizá-la. Lembramos o fervor das
entronizações do quadro dos Sagrados Corações, a prática das primeiras sextas-feiras,
as promessas, o Apostolado da Oração, as muitas congregações que tem o nome de
Sagrado Coração, os santuários e tantas belezas mais. A devoção não se dirige a
um membro do corpo de Cristo, mas ao amor que ele simboliza. É bom voltarmos a
seus fundamentos que é a revelação do amor de Deus proclamado na Escritura e
celebrado na liturgia. O amor de Deus por nós não é mérito nosso, como explica
a leitura do Deuteronômio, mas iniciativa de Deus: “O Senhor se afeiçoou a vós
e vos escolheu, não por serdes mais numerosos que os outros povos – na verdade
sois o menor de todos – mas sim porque o Senhor vos amou e quis cumprir o
juramento que fez a vossos pais” (Dt 7,7-8). Deus manifestou seu amor dando-nos Jesus: “Deus
enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos a vida por meio dele” (1Jo 4,8). Jesus
revela a grandeza de seu amor exclamando: ‘Vinde a mim, vós todos que estais
cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos e Eu vos darei descanso. Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso, pois meu jugo é suave e
o meu fardo é leve!” (Mt
11,28-30). Do seu lado aberto pela lança, jorrou sangue e água (Jo 19,34). Por isso
rezamos na liturgia: “Possamos receber desta fonte de vida, uma torrente de
graças” (oração).
O profeta Isaías já predissera: “Bebereis com alegria das fontes da salvação” (Is 12,3). Esta fonte
aberta é o próprio Jesus que afirma: “Aquele que bebe desta água nunca mais
terá sede. Pois a água que eu lhe der, tornar-se-á nele,uma fonte de água
jorrando para a vida eterna” (Jo 4,14).
Ter o
Coração de Jesus
Não
basta ter devoção. A verdadeira devoção sai do sentimento e passa à comunhão
com Cristo que nos leva a fazer o que Ele fazia. “Aquele que diz que permanece
nele, deve andar como Ele andou” (1Jo 2,6). O que mais aprendemos do coração de Jesus é sua misericórdia,
como lemos na parábola da ovelha perdida e na sua compaixão pelo povo
abandonado e deixado à sorte. Não fazemos favor a Deus amando-O. Nós fomos
amados por primeiro (Jo
4,7-16). Jesus não teve medo de assumir o sofrimento e a fragilidade do
povo. Uma devoção precisa assumir as atitudes que o Coração de Jesus lhe sugere,
pois o amor de Deus foi derramado também em nossos corações (Rm 5,5).
Devoção
que cura
Tendo os
mesmos sentimentos de Cristo e de seu coração, temos a certeza que Cristo habita
pela fé em nossos corações e estamos arraigados e fundados no amor (Ef. 3,17). A vida no
amor de Cristo nos ensina a reconhecê-lo em nossos irmãos (or. pós-comunhão).
Seremos curados de nossos males e alimentados pelo amor mútuo: “Amemo-nos
porque o amor vem de Deus e todo aquele ama, nasce de Deus e conhece a Deus.
Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor... Quem permanece no
amor, permanece com Deus e Deus com nele” (1Jo 4,7-8.16). Nesta devoção não procuramos
milagres, mas a fonte de todos os bens, o amor de Deus derramado em nós.
Adoremos e louvemos o Coração de Jesus através de nossa vida.
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