segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Tempos conturbados”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1843. Vinho velho do amor
            Nosso querido Papa Francisco, na Exortação Amoris Laetitia – Alegria do amor,  refletindo sobre o matrimônio, apresenta uma riqueza de sugestões para a vida dos casais, sobretudo dos casais novos. Aconselho a leitura desse texto dos números 217 – 230. Não se dirige somente aos casais, mas também aos que se preocupam com essa pastoral. Vai a detalhes da vida amorosa do casal como também às práticas espirituais. É singelo, e muito rico. Vamos refletir agora sobre o lado mais difícil que são as crises e angústias. Casa-se para ser feliz, mas a felicidade tem seus momentos de crise. Por felicidade Deus nos oferece um meio que tudo pode salvar: o amor. O amor é o melhor remédio para os males do casamento. Esse amor é partilhado por aqueles que podem dar uma contribuição. Papa Francisco inicia sua reflexão mostrando o sabor do vinho amadurecido. Cita S. João da Cruz: “Os velhos amantes são os já treinados e testados. Eles já não têm aqueles fervores sensíveis nem aquelas ebulições e chamas externas do ardor, mas saboreiam a suavidade do vinho do amor bem sedimentado na substância... assente dentro da alma”. Conclui: “Isso supõe que foram capazes de superar juntos as crises e os momentos de angústia sem fugir aos desafios nem esconder as dificuldades” (AL 231). Crise é sinal de crescimento.
1844. Crises ajudam crescer
             A melhor solução da crise está antes dela chegar. Se formos capazes de dialogar no tempo bom, saberemos dialogar no temporal. Crises são normais no matrimônio. Ser um só coração e uma só alma é um desafio permanente. A crise ensina, fortalece e esconde uma boa notícia, diz o Papa. O primeiro passo é não isolar (dormir no sofá) e não cortar a comunicação. Na discussão, no momento de lavar a roupa suja, cada um lave primeiro a sua e depois ajude o companheiro lavar a que sujaram juntos. Não se trata de dizer: aqui você errou. Mas... aqui está meu erro. Não se podem entregar os pontos na primeira desavença. Quem quer conquistar uma lagoa tem que engolir um punhado de sapos. O casamento é perfeito porque tem imperfeições e fragilidades. É humano. É sobre essas fraquezas que se constrói a força. O risco da imaturidade pode danificar muito. Somos imaturos. E tornamo-nos maduros no momento em que sabemos assumir imaturidade e crescer. Aparecem  doenças, mudanças físicas, dificuldades do tempo em que vivemos. Outras vezes são as heranças da família. É comum ouvir que lá em casa era assim. Por isso a bíblia diz que “o homem deixará o pai e a mãe e se unirá a sua mulher e serão os dois uma só carne” (Gn 2,24). Esse desligar-se vai além da residência, mas é algo novo que se inicia. Por isso é preciso desmamar. O Papa Francisco o diz em outras palavras (AL 132-138).
                   1845. Velhas feridas
            Nada é ideal. Casamento perfeito não existe. As tensões sempre existiram. Um dos motivos é que trazemos uma carga de nossa família, de nossa educação etc... São as feridas que nos acompanham desde a infância, adolescência, situação familiar, social e cultural. Muitos nunca foram amados ou perderam a família ou tiveram uma vida familiar complicada ou foram abusados de tantos modos. É preciso uma cura pessoal. Há muitos meios. O casamento pode realizar essa cura no momento em que se abre para superar. O primeiro passo é reconhecer a própria imaturidades com serenidade. E aparecem situações novas de vícios e manias que destroem toda a expectativa de felicidade. Então se busca fora ou se degrada no sofrimento que pode durar uma vida. Ao aceitar a fragilidade do outro num processo de recuperação a felicidade cresce. Nada é sem solução.

Nenhum comentário:

Postar um comentário