terça-feira, 8 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Um mundo novo a criar”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
789.Ele não se afastou
            Estamos celebrando o tempo pascal, tempo em que Jesus permaneceu entre nós, depois da Ressurreição. Os apóstolos, testemunhas oculares do Cristo Ressuscitado, puderam falar com muita tranqüilidade: “Nós que comemos e bebemos com Ele, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,41). Ele era o mesmo que estivera entre eles, mas de um modo diferente. Seu corpo não estava sujeito à matéria mas ao Espírito. Era corpo glorificado. Os que viram Jesus apresentavam esta diferença quando não o reconhecem imediatamente, como Maria Madalena diante do sepulcro (Jo 20,11-18) ou os discípulos no dia da pesca milagrosa (Jo 21,9-13). Terminado o tempo que dedicou às últimas instruções aos discípulos, Jesus sobe ao Céu. Os 40 dias que esteve com eles significam um tempo completo, como vemos nos vários textos que citam também o número 40. Ele falava sobre o Reino de Deus (At 1,3). Deixar o mundo não significa que Jesus tenha saído do mundo. Passou a outra dimensão, que chamamos “à direita do Pai” (Mc 1,19). Assentar-se à direita de Deus é a glorificação de Jesus. Ele, depois da “humilhação” da Encarnação, como lemos em Filipenses: “Humilhou-se obediente até à morte e morte de Cruz... Deus o superexaltou grandemente e o agraciou com o Nome que é sobre todo nome” (Fl 2,8-9). Seu nome é Senhor, isto é, Deus. Junto do Pai é nosso eterno intercessor (Hb 7,25). Não existe uma ruptura entre o tempo de Jesus na terra e agora no Céu, pois Ele continua presente: “Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Estas são as últimas palavras de Jesus, como nos relata o evangelho de S. Mateus. Sua presença não é só Eucarística. Há muitos modos de estar presente. São infinitos os modos, conforme concede o Espírito Santo a cada um, de percebê-lo pela fé, senti-lo pelo amor e garantir-se nele pela esperança.
790.Olhar para a terra
            Jesus não se afastou de nós, em sua Ascensão, mas quis estar conosco.  Os mistérios de Cristo são muitos, mas são um só que se manifesta de modo diverso. Compreendemos que cada aspecto do mistério de Cristo, como Morte, Nascimento, Vida etc... sempre, de certo modo, compreende todos os mistérios, pois Cristo é um. Tudo que aconteceu na vida de Cristo passou a ser eterno. Por isso podemos celebrar o Natal todos os anos e chorar sua morte. Não repetimos os acontecimentos, mas nos fazemos presentes a eles. Damos nossa contribuição, pois somos o seu Corpo. Recebemos a salvação que nos oferece em cada um destes momentos. Quando subiu ao Céu, levou consigo nossa humanidade. Já estamos no Céu. Por outro lado, permanecendo unido a nossa humanidade, permanece na realidade terrestre para dela participar sem tirá-la desta realidade.
791.Um mundo em missão
Como Ele assumiu em Si nossa humanidade. Ao assumirmos a fé, não perdemos a dimensão humana, mas a temos transformada, por Cristo, em missão de conduzir o mundo para aquele momento magnífico de tudo se encaminhar para Ele, como diz Paulo: “Recapitular em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra” (Ef. 1,10). Os dois anjos na Ascensão perguntam por que olham para o céu (At 1,11). É para olhar para a terra. Começa o mundo novo, um novo jardim nos é dado a cultivar, como no início do mundo (Gn 2,18). A festa da Ascensão é como iniciar um mutirão para dar vida ao mundo. Ele diz: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9,38).
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário