Estamos
celebrando o tempo pascal, tempo em que Jesus permaneceu entre nós, depois da
Ressurreição. Os apóstolos, testemunhas oculares do Cristo Ressuscitado,
puderam falar com muita tranqüilidade: “Nós que comemos e bebemos com Ele,
depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,41). Ele era o mesmo que estivera entre eles, mas de um
modo diferente. Seu corpo não estava sujeito à matéria mas ao Espírito. Era
corpo glorificado. Os que viram Jesus apresentavam esta diferença quando não o
reconhecem imediatamente, como Maria Madalena diante do sepulcro (Jo 20,11-18) ou os
discípulos no dia da pesca milagrosa (Jo 21,9-13). Terminado
o tempo que dedicou às últimas instruções aos discípulos, Jesus sobe ao Céu. Os
40 dias que esteve com eles significam um tempo completo, como vemos nos vários
textos que citam também o número 40. Ele falava sobre o Reino de Deus (At 1,3). Deixar o
mundo não significa que Jesus tenha saído do mundo. Passou a outra dimensão,
que chamamos “à direita do Pai” (Mc 1,19). Assentar-se à direita de Deus é a glorificação de
Jesus. Ele, depois da “humilhação” da Encarnação, como lemos em Filipenses: “Humilhou-se
obediente até à morte e morte de Cruz... Deus o superexaltou grandemente e o
agraciou com o Nome que é sobre todo nome” (Fl 2,8-9). Seu nome é Senhor, isto é, Deus.
Junto do Pai é nosso eterno intercessor (Hb 7,25). Não existe uma ruptura entre o
tempo de Jesus na terra e agora no Céu, pois Ele continua presente: “Eis que
estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Estas são
as últimas palavras de Jesus, como nos relata o evangelho de S. Mateus. Sua
presença não é só Eucarística. Há muitos modos de estar presente. São infinitos
os modos, conforme concede o Espírito Santo a cada um, de percebê-lo pela fé,
senti-lo pelo amor e garantir-se nele pela esperança.
790.Olhar
para a terra
Jesus
não se afastou de nós, em sua Ascensão, mas quis estar conosco. Os mistérios de Cristo são muitos, mas são um
só que se manifesta de modo diverso. Compreendemos que cada aspecto do mistério
de Cristo, como Morte, Nascimento, Vida etc... sempre, de certo modo,
compreende todos os mistérios, pois Cristo é um. Tudo que aconteceu na vida de
Cristo passou a ser eterno. Por isso podemos celebrar o Natal todos os anos e
chorar sua morte. Não repetimos os acontecimentos, mas nos fazemos presentes a
eles. Damos nossa contribuição, pois somos o seu Corpo. Recebemos a salvação
que nos oferece em cada um destes momentos. Quando subiu ao Céu, levou consigo
nossa humanidade. Já estamos no Céu. Por outro lado, permanecendo unido a nossa
humanidade, permanece na realidade terrestre para dela participar sem tirá-la
desta realidade.
791.Um
mundo em missão
Como Ele assumiu em Si nossa humanidade. Ao assumirmos a fé, não perdemos
a dimensão humana, mas a temos transformada, por Cristo, em missão de conduzir
o mundo para aquele momento magnífico de tudo se encaminhar para Ele, como diz
Paulo: “Recapitular em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que
estão na terra” (Ef.
1,10). Os dois anjos na Ascensão perguntam por que olham para o céu (At 1,11). É para
olhar para a terra. Começa o mundo novo, um novo jardim nos é dado a cultivar,
como no início do mundo (Gn
2,18). A festa da Ascensão é como iniciar um mutirão para dar vida ao
mundo. Ele diz: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a
sua colheita” (Mt
9,38).
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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