Jesus,
quando lhe negaram a divindade, demonstrou que a Escritura chama os fiéis de
deuses (Jo 10,34)
citando o salmo: “Vós sois deuses, todos vós sois filhos do Altíssimo” (Sl 82,6). Não dizemos
que somos um deus a mais ao lado de Deus, mas que participamos da divindade. A
finalidade da encarnação do Filho de Deus é levar todos a participarem da Vida
de Deus. Como temos a vida unida a Deus, pois escreve João: “Se alguém me ama,
guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos
morada” (Jo 14,23);
E também: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Pedro escreve: “A fim de que
assim vos tornásseis participantes da natureza divina” (2Pd 1,4). “Este texto é a única vez
que aparece na Escritura. O apóstolo o empregou para exprimir a plenitude da
vida nova em Cristo, isto é, a comunicação que Deus faz de uma vida que só a Ele
pertence” (Bíblia de
Jerusalém). Participamos de sua Vida e a expressamos em nossa vida. Trata-se
do ser, e não do fazer que lhe é conseqüência. Se considerarmos nossa vida em
Cristo, veremos que somos preocupados com o fazer e não com o ser. Participar
da vida de Deus é a razão de tudo o que fazemos. Há uma tendência de ver a vida
cristã em orações e celebrações, ou pior, só em milagres e benefícios
espirituais. Por isso não conseguimos perceber o que seja o mal que pode nos
fazer mal. Isso não é privilégio, pois mesmo a criança, pelo batismo, participa
desta maravilha. Paulo chamava os cristãos de santos. Não tanto pela prática do
bem, mas pelo Bem que atuava neles, que é o próprio Deus. Este é um caminho
aberto a todos. Somos irradiação criada do ser de Deus. Não participamos como
sendo um outro deus, mas estamos unidos intimamente a Ele como sua imagem, seu
retrato vivo e animado, porção do ser de Deus, por participação. É ontológica, quer
dizer, estamos na linha do ser. Participamos da substância de Deus. Somos
assim, conduzidos pelo do Espírito Santo.
Participação
Como não nos preocupamos com esta
verdade ou mesmo, não fomos ensinados a compreendê-la e estimulados a vivê-la
não sabemos em que consiste. É sempre um ato de fé, quer dizer, está fora da
experiência física e psicológica e mesmo intelectual. É uma participação, como
diz Paulo: “Eu vivo, mas já não sou em que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Nós vivemos
esta realidade como “Viva Memória”, como Eucaristia, na qual, pela Memória,
Cristo se faz presente em seu mistério. Ele se faz presente em nós em seu
mistério e nos deifica pela ação do Espírito. Vivendo essa realidade, somos
transformados pelo Espírito para que nossa vida e nossas obras imitem, em nosso
interior, a Vida de Deus. Basta viver na docilidade ao espírito Santo.
Transparência
Sendo
retratos vivo e animados de seu amor e de sua Vida, nós deixamos transparecer o
mistério de Deus em nós. Não o vemos com os olhos do corpo, mas da fé. Nós o
tocamos com o amor da caridade e o saboreamos na esperança. Deus transparece e,
quem é de Deus vê a presença de Deus em cada pessoa. Vejamos como somos cegos.
É belíssimo poder descobrir nas pessoas. Mesmo os mais jovens vivem essa
realidade. Um jovenzinho disse-me que sentia Deus dizer que o amava. Não
desanimemos da fé. Essa transformação de nosso ser no ser de Cristo nos faz
completos como pessoas. Por isso, a falta de fé é desastrosa para o ser humano.
Perde a capacidade de ser Vida.
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