PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Recebei
o Espírito Santo
O
Mistério Pascal de Cristo manifesta-se como um todo nos diferentes momentos de
sua vida. João, por exemplo, anuncia o dom do Espírito também no momento de Sua
morte: “E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (Jo, 19,30). Assim, na tarde da Ressurreição Jesus O dá aos
apóstolos reunidos no Cenáculo: “Soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito
Santo” (Jo 20,22). Soprar significa dar o
dom da vida nova, como fora dado a Adão (Gn 2.7),
o sopro de vida. Recebem também a missão. Enviando os discípulos, repete o
gesto do Pai que O enviou. O envio é feito em união com o Espírito que
sustentará a missão evangelizadora e renovadora, pois vão com o poder de
perdoar os pecados, para a grande reconciliação com Deus e com os irmãos. Cada
manifestação do Espírito se endereça a uma necessidade a Igreja: “A quem
perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados”
(Jo 20,23). O Ressuscitado é o mesmo que fora crucificado: “Mostrou-lhes
as mãos e o lado”. Ele tem agora a humanidade divinizada com os sinais de sua Paixão
e Morte. Jesus, nesse momento de sua aparição, dá a paz (shalom) que significa salvação total, repouso em Deus, meta da
obra redentora. A presença do Ressuscitado entre os discípulos é criação da
nova comunidade que O tem em seu meio. Tomé, que duvidara do testemunho dos apóstolos,
ao tocar suas chagas, faz a maior profissão de fé que se espera do discípulo:
“Meu Senhor e meu Deus”. A fé nos dá o Shalom de Deus, a paz e a redenção.
Um só
coração e uma só alma
Lucas,
mostrando a vida da comunidade, não quer só fazer um retrato, mas apresentar o
projeto de Jesus. Crer que Cristo Ressuscitou é mostrá-lo vivo na comunidade
pelos frutos do amor. A comunidade continua o testemunho para que todos creiam,
como o fez João. Ela é também um sinal. “A multidão dos fiéis era um só coração
e uma só alma” (At 4.32). Esta comunhão de
bens espirituais e materiais são o primeiro fruto da fé que nos faz um com
Cristo: “Embora muitos formamos um só corpo, assim também é Cristo”. É
impossível fazer a comunhão de alma, sem fazer a comunhão de bens. Assim
podemos continuar sua missão de reconciliação universal, pois a comunidade é a
semente dessa nova criação. Professar a fé em comunidade é constituí-la como
Corpo de Cristo. Alimentados pelo Corpo do Senhor anunciamos. A comunidade
nasce do Espírito Santo, como nasceu, por obra dele, Jesus.
Felizes
os que crerem sem ter visto
Jesus, ao recriminar Tomé que
acreditou só quando viu, proclama felizes nós que cremos nEle sem ter visto. Esta
é a fé madura. Nós, cristãos fracos, gostamos de ver para crer, como Tomé.
Gostamos de milagres, de consolações de Deus, de sucesso nos bens materiais,
sem problemas de saúde, financeiros ou familiares. Tudo em perfeito estado.
Sabemos que a fé sem falsas seguranças é muito mais rica, curativa,
solucionadora de problemas, pois nos apoiamos em Deus. É por isso que João
escreve: “Felizes os que creram ser ter visto” (Jo
20,29). É tempo de a comunidade mudar seu modo de viver a fé em Jesus,
acolhendo sua Vida e Palavra. Quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia,
temos a presença do Ressuscitado que nos dá o Espírito e nos faz seu Corpo.
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