Naquele
tempo, ao ver as multidão, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os
discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os
pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que
choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque
possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque
serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles
é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos
insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa. Assim
perseguiram os profetas que vieram antes de vós».
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Isaac da Estrela (?-c. 1171), monge
cisterciense
Sermão 1, de Todos os Santos
«Bem-aventurados os pobres em espírito»
Todos os homens, sem exceção, desejam a
felicidade, a bem-aventurança. Mas têm sobre ela ideias diferentes: para um, a
felicidade está na voluptuosidade dos sentidos e na suavidade de vida; para
outro, está na virtude; para outro ainda, está no conhecimento da verdade. É por
isso que Aquele que ensina todos os homens [...] começa por recuperar os que se
afastaram, orientando os que se encontram no caminho certo, e abrindo a porta
aos que batem. [...] Assim, pois, Aquele que é «o Caminho, a Verdade e a Vida»
(Jo 14,6) recupera, orienta e abre a porta, e começa a fazê-lo dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito».
A falsa sabedoria deste mundo,
que na realidade é loucura (1Cor 3,19), pronuncia-se sem compreender o que diz,
considerando bem-aventurados «os filhos do estrangeiro, cuja boca só diz
mentiras, e cuja direita jura falso», porque os celeiros deles «estão fornecidos
com todas as espécies, os seus rebanhos multiplicam-se aos milhares, em dezenas
de milhares os seus campos» (Sl 143,11-13). Mas todas estas riquezas são
incertas, a paz deles não é a paz (Jer 6,14), a alegria deles é estúpida. Pelo
contrário, a Sabedoria de Deus, o Filho por natureza, a mão direita do Pai, a
boca que fala verdade, proclama felizes os pobres, que estão destinados a ser
reis do reino eterno. Ele parece dizer: «Procurais a bem-aventurança, mas ela
não se encontra onde a procurais; correis, mas correis fora do caminho. Eis o
caminho que conduz à felicidade: a pobreza voluntária por minha causa, é esse o
caminho. O reino dos céus em Mim, eis a bem-aventurança. Correis muito, mas mal;
quanto mais depressa avançais, mais vos afastais da meta.»
Não temamos,
irmãos. Somos pobres, ouçamos a palavra do Pobre, que recomenda a pobreza aos
pobres. Podemos acreditar na sua experiência: tendo nascido pobre, Ele viveu
pobre e pobre morreu. Nunca quis enriquecer; antes aceitou morrer. Acreditemos,
pois, na Verdade que nos indica o caminho que conduz à vida. Trata-se de um
caminho árduo, mas curto; e a felicidade é eterna. O caminho é estreito, mas
conduz à vida (Mt 7,14).
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