PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
619. Tolerância é um
bem
A vida humana não se
faz só a partir de conceitos, mas de atos que brotam de nosso interior. Esses
atos nós chamamos de virtudes. São as energias que nos fazem viver. Nós as
temos todas em potencial para desenvolvê-las. Hoje temos mais uma virtude: A
tolerância! É a paciência ativa que nos capacita a viver com os outros,
acolhendo aquilo que têm a nos oferecer não somente suportando suas diferenças.
O egoísmo, mesmo espiritual, leva-nos a pensar só em nos, colocando sobre os
outros nossos esquemas. Nós somos a verdade! A tolerância abre espaço para que
outro viva e cresça junto a nos, mesmo que seja diferente. Voltaire, filósofo
francês, (não juro que foi ele), disse: “Sou totalmente contra sua idéia, mas
defenderei até à morte o direito que tem de defendê-la”. Podemos ter a sensação
de que ajudamos quando impomos nosso modo de ser. Pensamos: ‘Quanto tudo mundo
for igual a mim, o mundo será um paraíso’! Será? ‘Ou um inferno?’ Não se trata
de promover o mal, o mau caminho, os vícios, as maldades. Mas respeitar a
pessoa e tratá-la como igual. Onde estão os poderosos, os ditadores, os
senhores do mundo que impuseram sua lei? Com a tolerância poderemos equilibrar
as situações do mundo. Parece impossível, por isso é a tolerância é uma
virtude: energia que produz mudanças.
620. A intolerância atravessa a história de
A história da
humanidade, tanto religiosa como politicamente, tem o estigma da intolerância.
Imaginemos quanta gente morreu só porque pensava diferente. E isso não é coisa
do passado: é o que vemos todos os dias, até nos altares, como diz Jesus: “Vem
a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus” (Jo
16,2). A intolerância não pode ser atribuída a Deus, como vemos nos
fundamentalismos. Quanta intolerância nas questões religiosas! As religiões e
seitas se agridem por serem diferentes! Nos governos, a intolerância parece ser
uma virtude. Quem viveu sobre a ditadura pôde ver quanto a intolerância
prejudicou o país. Teve seus méritos, mas não foi capaz de conduzir na
tolerância as diferenças. Pessoas há que vivem posições de comando e, por onde
passam dão ordens, cobrando e ameaçando por não se fazer de seu jeito. Mais
difícil é a tolerância diante da marginalidade. Como agir? Coibir o erro sim,
mas procurar, na pessoa, algo que a salve da situação. Vemos que o sistema
presidiário é falido. Coíbe e não salva.
621. Crer na pessoa
humana
A
tolerância implica em acreditar no lado positivo das pessoas. Nós também temos
direito de ser tolerados pelas nossas diferenças, dificuldades e defeitos. Temos
o lado positivo. As igrejas precisam da tolerância tanto no tratamento dos
próprios membros, esperando e promovendo para que a pessoa chegue onde está a
verdade. Igualmente no relacionamento entre si, as igrejas são convocadas a
serem tolerantes e não se agredirem como se tem visto. A lavagem cerebral,
dentro das Igrejas, é pecaminosa. Destrói o ser humano e não promove o amor de
Deus que tanto nos ama e nos acolhe sem condenar. Por que não aprender dele?
Não poupou o próprio Filho para nos salvar! Vivemos também a realidade dos
estrangeiros, migrantes, refugiados. Todos têm valores. Não são maus porque são
diferentes. O bom acolhimento é o melhor caminho para a integração. São valores
novos que se somam.
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