domingo, 1 de maio de 2016

Homilia do 6º Domingo da Páscoa (01.05.16)“Morada de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O templo é o Senhor!
Estamos chegando ao final do Tempo Pascal. Foi uma catequese sobre a vida da Igreja que é a reunião dos redimidos, fruto precioso da Ressurreição. O Mistério de Cristo é uma unidade. Não acontece por partes. Cada momento nos traz todo Mistério Pascal sob um aspecto. A Igreja da terra se espelha na Igreja celeste e, guiada pelo Espírito, se faz sempre mais esposa para seu Senhor, sem ruga e sem mancha (Ef 5,27), vivificada pelo mesmo Espírito. No livro do Apocalipse João narra a visão que teve da Jerusalém celeste, a Igreja gloriosa com seu Senhor. Não é a Terra que ensina como deve ser o Céu. Nós é que aprendemos do Céu.  João diz, com certa admiração, que não viu templo na cidade celeste. Entendeu que seu templo é o Senhor Todo Poderoso e o Cordeiro, o Cristo. Jesus disse à samaritana que os verdadeiros adoradores adorariam em espírito e verdade (Jo 4,24), isto é, em Cristo e no Espírito. Não há necessidade de templos. Não temos templos como os judeus ou pagãos tinham. As igrejas são lugares onde se manifesta o sacramento da unidade que se realiza na fé e no amor. Sendo o Céu o espelho para a terra, a visão é um chamado para encontrarmos Deus onde estivermos. O Espírito ensina tudo o que Jesus nos transmitiu. Ele realiza em nós o amor que constrói a unidade. Amando o Pai e guardando a palavra de Jesus, Pai, Filho e Espírito permanecem conosco. Assim se constrói a paz e a segurança. Os mistérios, isto é, os sacramentos celebrados, são a expressão das coisas do alto que alimentam nossa caminhada. Corresponder aos sacramentos (oração), é ser morada de Deus (Jo 14,23).
Construindo a comunidade
             A construção da comunidade humana tem seu início na escuta e obediência à Palavra de Deus. Este é o sinal claro do amor que temos a Deus. É garantia também da presença de Deus em nós: “Se alguém me ama guardará minha palavra e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele nossa morada” (Jo 14,23). A Palavra será ensinada à comunidade. O Espírito Santo ensinará e recordará o que Jesus ensinou e a Igreja da terra aprende da Igreja celeste a não restringir seu relacionamento com Deus ao templo, à igreja material. Como somos templos do Espírito Santo (1Cor 3,16), onde estivermos entramos no templo de Deus. A fé cristã é primeiramente espiritual, depois se criam as estruturas que devem ajudar o espiritual e não dominá-lo. A preocupação maior não deve ser os aspectos humanos, mas conduzir estes a se aperfeiçoarem pela Palavra e pela obediência da fé, formando assim a comunidade. Às vezes agimos somente sob o aspecto humano, deixando fora o Espírito Santo.
Comunidade de irmãos
            Os inícios da vida da Igreja foram maravilhosos, mas não deixaram de ter problemas, pois, mesmo crendo em Jesus, houve choque entre cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos do paganismo. Eram dois mundos diferentes. Estes não conheciam a lei judaica. Os judeus cristãos seguiam também a lei judaica e queriam impô-la aos pagãos. Reunidos no Espírito tiveram a grande abertura em deixar Deus agir nos povos pagãos para que construíssem o modo de ser Igreja de acordo com suas culturas. Foi um passo grande, sem deixar fora as riquezas da História da Salvação transmitidas pelo povo da Aliança. O Espírito vivificou os cristãos vindos do paganismo. Somos herdeiros desta fé. O templo de Deus resplandece por toda terra e todos podem adorá-Lo em espírito e verdade.
Leituras: Atos 15,1-2.22-29; Salmo 66; Apocalipse 21,10-14.22-23;João 14,23-29 
1.      A Igreja terrestre se espelha na Igreja celeste. Guiada pelo Espírito, se faz sempre mais esposa sem ruga nem mancha. No Céu não há templo. Os templos da Igreja manifestam a unidade que se realiza na fé e no amor. 
2.     A construção da comunidade tem seu início na escuta e obediência à Palavra. Este é o sinal claro do amor que temos a Deus e de sua morada em nós. 
3.     A comunidade da Igreja, na sua condição humana, passa por questões nas quais somente o amor é a solução. A fé e o amor fazem a Igreja livre para crescer nas condições humanas.            

            Morando em três casas

             As leituras do sexto domingo da Páscoa nos ensinam que moramos em três casas ao mesmo tempo: Na primeira leitura vemos os problemas da casa da terra, a comunidade com seus dons e dificuldades. É a casa de sapé que pega fogo com facilidade.
Depois o Apocalipse mostra a casa lá de cima, o Céu, feita de pedras preciosas. E no evangelho Jesus ensina sobre a casa feita de amor, que é a casa do coração: “Aquele que me ama, guarda minhas palavras, e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele fazemos morada (Jo 14,23).
Na casa futura, na Jerusalém Celeste, não há templo, pois Deus é o templo. Não temos necessidade de templos, pois estaremos em sua presença. Não precisamos de mediações. Deus é a luz.
A comunidade da terra é cheia do Espírito de Deus e do espírito humano. É necessário procurar o Espírito de Deus e encaminhar assim as condições humanas. O espírito humano, nossas condições, tem que se guardar a Palavra e ouvir o Espírito que ensina todas as coisas.


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