Evangelho segundo S. João 14,23-29.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra, e
meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me
não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do
Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o
Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas
as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos
a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o
vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para
junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o
Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que,
quando acontecer, acrediteis».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja - Sermão 27, 8-10
«Viremos a ele e nele faremos a nossa morada.»
«O Pai e Eu», dizia o Filho, «viremos a casa
dele, quer dizer, a casa do homem que é santo, e iremos morar junto dele.» E eu
penso que era deste céu que o profeta falava quando dizia: «Tu habitas entre os
santos, Tu, a glória de Israel» (Sl 21,4 Vulg). E o apóstolo Paulo afirmava
claramente: «Pela fé, Cristo habita nos nossos corações» (Ef 3,17). Não é, pois,
de surpreender que Cristo Se deleite em habitar nesse céu. Enquanto para criar o
céu visível Lhe bastou falar, para adquirir esse outro céu teve de lutar, morreu
para o resgatar. É por isso que, depois de todos os seus trabalhos, tendo
realizado o seu desejo, Ele diz: «Eis o lugar do meu repouso para sempre, é ali
a morada que Eu tinha escolhido» (Sl 131,14). [...]
Agora, portanto,
«porque te desolas, ó minha alma, e gemes sobre mim?» (Sl 41,6) Pensas encontrar
em ti um lugar para o Senhor? Que lugar em nós é digno de tal glória? Que lugar
chegaria para receber a sua majestade? Poderei ao menos adorá-Lo nos lugares
onde se detiveram os seus passos? Quem me concederá ao menos poder seguir o
rasto de uma alma santa «que Ele escolheu para seu domínio»? (Sl 31,12)
Possa Ele dignar-Se derramar na minha alma a unção da sua misericórdia,
para que também eu seja capaz de dizer: «Corro pelo caminho das tuas vontades,
porque alargaste o meu coração» (Sl 118,32). Poderei talvez, também eu,
mostrar-Lhe em mim, senão uma grande sala toda preparada, onde Ele possa comer
com os seus discípulos (Mc 14,15), pelo menos um lugar onde possa reclinar a
cabeça (Mt 8,20).
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