Evangelho segundo S. Marcos 1,21-28.
Jesus chegou
a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a
ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com
autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um
espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus
Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus
repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro,
agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos
tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova
doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles
obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda
a região da Galileia.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de S. Marcos, 2
«Vieste para nos perder?»
«Encontrava-se na sinagoga um homem com um
espírito impuro». Esse espírito não podia suportar a presença do Senhor;
tratava-se do espírito impuro que tinha conduzido os homens à idolatria. […]
«Que acordo pode existir entre Cristo e Satanás?» (2Cor 6,15); Cristo e Satanás
não podem estar associados um ao outro. «Começou a gritar: "Que tens Tu a ver
connosco?"» Aquele que assim grita é um indivíduo que se exprime em nome de
várias pessoas; isto prova que tem consciência de ter sido vencido, ele e os
seus.
«Começou a gritar: "Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?
Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus."» Em pleno tormento, e
apesar da intensidade do sofrimento que o faz gritar, não abandonou a
hipocrisia. É forçado a dizer a verdade, o sofrimento a isso o obriga, mas a
malícia impede-o de dizer toda a verdade: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus
Nazareno?» Porque não reconheces o Filho de Deus? Será de facto o Nazareno quem
te tortura, e não o Filho de Deus? […]
Moisés era um santo de Deus. E
Isaías e Jeremias também o foram. […] Porque não lhes dizes: «Sei quem Tu és: o
Santo de Deus»? [...] Não digas, pois: «Santo de Deus», mas «Deus Santo». Pensas
que sabes, mas não sabes; ou, se sabes, calas-te por duplicidade. Porque Ele não
é apenas o Santo de Deus, mas o Deus Santo.
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