PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
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“Fazemos parte de uma história”.
Entre
os elementos que marcam a espiritualidade, a história é um dos mais
importantes, pois vivemos uma história. Podemos recordar que, na Vigília
Pascal, quando se preparamos o Círio para a celebração, fazemos a incisão de
uma cruz e com os quarto algarismos da data corrente, como neste ano, 2004.
Queremos significar que a Redenção acontece este ano. Este é o ano da graça, o
tempo de Deus. Assim também a história é o momento em que vivemos nossa vida
cristã, e, por conseguinte, por ela orientamos nossa espiritualidade. Cada
época tem sua contribuição a dar, tem suas falhas a serem corrigidas e
vantagens a aproveitar. Fazemos parte de uma história. O livro do Eclesiastes
diz: “Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que os de
agora; porque não provém da sabedoria esta pergunta” (Ecl 7,10). Na
espiritualidade temos uma grande tentação de ficar voltados para o passado.
Vejam quantas coisas que fazemos que surgiram há séculos. A tentação se torna
maior quando dizemos que o que é antigo é que é verdadeiro. Naquele momento,
aquele modo de pensar era novo. Foi uma ótima solução para o momento. Assim, a
compreensão da espiritualidade está ligada à história da humanidade, da qual
fazemos parte. Recebemos uma herança e temos uma herança a construir. O que
temos visto no momento, é uma busca de elementos do passado como se fossem os
únicos bons. Os de agora não servem. Outros desprezam o passado como se não
fizessem parte de nossa vida. O que foi bom pode continuar a ser se responde ao
nosso momento histórico.
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O bom escriba tira de seu tesouro.
Jesus
disse que o bom escriba tira de seu tesouro coisas antigas e novas (Mt 13,52).
E disse também que quem provou o vinho velho vai recusar o novo dizendo que o
velho é melhor (Lc 5,39). Jesus é o vinho novo e a novidade. Assim somos
instruídos a fazer nossa espiritualidade na base do discernimento. Conhecendo
um pouco mais da história da espiritualidade vamos discernindo o que é bom para
agora. Não basta só buscar o passado e colocar no presente. É preciso
discernir. Por isso temos o Espírito Santo e o bom senso de conhecer o momento
atual e dar respostas que sejam úteis para o momento. Até mesmo é necessário
ter criatividade de descobrir novos caminhos. Torna-se assim importante saber o
que é espiritualidade e dar formas para que possam ser boas para se viver o
Evangelho hoje. Temos que partir do Evangelho, com os olhos voltados para hoje,
não ontem nem amanhã.
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Como bons administradores.
Para
construir a espiritualidade no momento histórico, além de acolher a ação do
Espírito Santo, precisamos saber viver o evangelho hoje, tendo diante dos olhos
a realidade do mundo no qual vivemos dando as respostas. É mais fácil abrir um
tesouro antigo e pautar-se por ele. Não exige reflexão, criatividade cristã,
arrojo espiritual e mesmo despojamento de caminhos já batidos. É cômodo, mas
resolve? É isso que Deus espera dos cristãos? Podemos dizer que não temos
santos em nossa sociedade, não será que nossa compreensão de santidade nada tem
a ver com o mundo que nos cerca. Por que as pessoas buscam outras religiões ou
caminhos espirituais? Não será porque não lhes estamos fazendo uma proposta sem
sentido, fora da realidade? Vamos ficar falando sozinhos.
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