terça-feira, 8 de julho de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Crer na unidade”


PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
1438.Unidade rompida
            A vida nova em Cristo está sempre nos aperfeiçoando na vivência do evangelho. Há sempre a necessidade de buscar tirar as rugas da Igreja para esteja pronta para o Esposo Jesus Cristo (Ef 5,27). Uma destas rugas é a divisão entre os que crêem em Cristo como Filho de Deus. Já desde os inícios a divisão sempre foi uma chaga que se aprofunda desde as heresias cristológicas. Temos depois as divisões de fundo mais político que religioso, como no caso da divisão entre Oriente e Ocidente que dura há mil anos. Seguem-se as divisões que chamamos de protestantismo. No fundo está sempre a pessoa humana que junta questões pessoais com doutrinais. As influências políticas ajudaram a cavar o fosso entre os cristãos. Jesus, como lemos em S. João, rezou pela unidade e a colocou como última recomendação que manteria vivo tudo o que ensinou: “Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como Nós somos um: Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que Tu Me enviaste e os amaste como amaste a Mim” (Jo 17,23). Percebe-se que na unidade poderão ser encaminhas todas as questões. Unidade não é dominação nem sujeição. A unidade deverá ser sempre como é a unidade da Trindade: mútua entrega e mútuo acolhimento na comunhão de vida. Unidade não é uma doce convivência ou dominação. O Concílio Vaticano II colocou-a como uma de suas finalidades (SC 1). Assim começa o decreto Unitatis Redintegratio: “Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do Concílio Vaticano II”. João Paulo II escreveu a encíclica Ut Unum Sint” (Que sejam um (25.05.95). Os Papas, desde o Concílio promoveram o diálogo e os gestos.
1439.Conversão ao evangelho
            Um dos estudos importantes na formação sacerdotal era a Apologética: como propor a doutrina católica diante das acusações de outros grupos religiosos. A defesa e o ataque eram a base do encontro religioso. Desde o Concílio tem se procurado esta unidade. O Papa Francisco no vôo de volta para a Itália, vindo de Israel, disse: "Com o Patriarca Bartolomeu, falamos da unidade: mas a unidade se faz ao longo do caminho, a unidade é um caminho". Este caminho é conhecer o Evangelho. É ele que vai levar à unidade. A Verdade vos libertará (Jo 8,32). Não caminharemos um em direção ao outro, mas todos em direção ao evangelho. Cada um deverá desvestir-se de preconceitos purificado pela Palavra de Deus. Proselitismo é chamar para si, para sua igreja, para sua idéia. Onde houve o erro, buscar a verdade. O caminho é longo e passos devem ser dados. Do contrário não é evangelico. Diz Papa Francisco: “Como escrevemos na declaração conjunta: "O nosso encontro fraterno é um novo e necessário passo no caminho para a unidade, à qual somente o Espírito Santo pode nos guiar: a da comunhão na legítima diversidade”.
1440. Unidade a partir da base
            Papa Francisco continua: "Sabemos bem que essa unidade é um dom de Deus" e é graças ao Espírito Santo que podemos "reconhecer-nos por aquilo que somos no plano de Deus" e "não por aquilo que as conseqüências históricas dos nossos pecados nos levaram a ser". Ele acredita que a unidade parece estar cada vez mais perto. Ela não será revolvida enquanto acontecer só entre os chefes, mas quando partir da base, das pessoas que se amam e buscam juntas viver o amor ao próximo. A cabeça pensa e os pés andam. O abraço de Paulo VI e Atenágoras  foi  "um gesto profético que deu impulso a um caminho que não se deteve mais", diz o Papa. O objetivo da plena unidade parece cada vez mais perto.
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