Evangelho segundo S. Mateus 12,1-8.
Naquele
tempo, Jesus passou através das searas em dia de sábado e os discípulos,
sentindo fome, começaram a apanhar e a comer espigas. Ao verem isso, os
fariseus disseram-lhe: «Aí estão os teus discípulos a fazer o que não é
permitido ao sábado!» Mas Ele respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David,
quando sentiu fome, ele e os que estavam com ele? Como entrou na casa de
Deus e comeu os pães da oferenda, que não lhe era permitido comer, nem aos que
estavam com ele, mas unicamente aos sacerdotes? E nunca lestes na Lei que,
ao sábado, no templo, os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa? Ora,
Eu digo vos que aqui está quem é maior que o templo. E, se compreendêsseis o
que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício, não teríeis condenado estes
que não têm culpa. O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253), presbítero,
teólogo
Homilias sobre os Números, n°23
«O Filho do Homem até do sábado é Senhor»
Não vemos que as palavras do Génesis: «Deus
repousou, no sétimo dia, do trabalho por Ele realizado» (Gn 2,2) se tenham
realizado neste sétimo dia da Criação, nem que se realizem hoje. Vemos Deus
sempre a trabalhar. Não há sábado em que Deus pare de trabalhar, não há dia em
que Ele deixe de «fazer com que o sol se levante sobre os bons e os maus e fazer
cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5,45), em que deixe de «fazer
crescer as ervas nas montanhas e as plantas para o alimento dos homens» (Sl
146,8) […], em que deixe de «dar a morte e a vida» (1Sam 2,6).
Assim, o Senhor responde àqueles que O acusam de trabalhar e de
curar no sábado: «Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho» (Jo
5,17), querendo com isto dizer que, durante o tempo deste mundo, não há sábado
em que Deus descanse de zelar pelo andamento do mundo e pelos destinos do género
humano. […] Na sua sabedoria de Criador, Ele não cessa de exercer a sua
providência e a sua benevolência sobre as suas criaturas, «até ao fim do mundo»
(Mt 28,20). Portanto, o verdadeiro sábado em que Deus descansará de todos os
seus trabalhos será o mundo futuro, quando «fugirão a tristeza e os gemidos» (Is
35,10 LXX), e Deus será «tudo em todos» (Col 3,11).
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